A hierarquia das bombas
Donald Trump limitou-se a ser fiel a si mesmo e ao povo que o elegeu. Na campanha, afirmou que iria encher o Afeganistão com bombas. Está a cumprir.
As bombas grandes fazem bons títulos. Mas não fazem grande diferença face ao que se passa no terreno, todos os dias. O Afeganistão é o país-mártir do século XXI e a dimensão da bomba pouca diferença faz aos habitantes de uma nação em escombros. Há uma geração inteira de afegãos que só conheceu esta guerra, que não sabe o que é a paz. E os seus avós, se por milagre ainda estiverem vivos, vão na terceira guerra diferente. Esta é que é a verdadeira tragédia.
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As bombas grandes fazem bons títulos. Mas não fazem grande diferença face ao que se passa no terreno, todos os dias. O Afeganistão é o país-mártir do século XXI e a dimensão da bomba pouca diferença faz aos habitantes de uma nação em escombros. Há uma geração inteira de afegãos que só conheceu esta guerra, que não sabe o que é a paz. E os seus avós, se por milagre ainda estiverem vivos, vão na terceira guerra diferente. Esta é que é a verdadeira tragédia.
Mas há uma leitura importante a retirar deste acontecimento: a predisposição de quem enviou “a mãe de todas as bombas”. Ter um Presidente dos EUA que carrega com esta facilidade no botão não prenuncia nada de bom sobre o futuro do planeta. Um Pentágono com vontade de exibir os músculos sem colocar botas no terreno vai tornar anedótica a expressão “danos colaterais”.
Donald Trump limitou-se a ser fiel a si mesmo e ao povo que o elegeu. Na campanha, afirmou que iria encher o Afeganistão com bombas. Está a cumprir. Pelo meio está a completar a tarefa iniciada por George W. Bush e continuada por Barack Obama. E assim assume a boa tradição militarista norte-americana e cumpre o destino traçado numa teia de (muitos) interesses e (poucas) boas intenções, com muitos maus resultados.