Viaduto de Alcântara vai ter pórticos para impedir a passagem de pesados

Câmara de Lisboa fez ponto de situação sobre três incidentes das últimas semanas. A maioria dos moradores da Damasceno Monteiro regressam a casa em Julho. O caneiro de Alcântara vai ser inspeccionado.

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LUSA/TIAGO PETINGA

Os moradores de quatro dos cinco edifícios afectados por um deslizamento de terras na Rua Damasceno Monteiro, em Lisboa, vão poder regressar em Julho às suas casas. Os habitantes do outro prédio regressarão “ainda este ano, talvez em Setembro”, disse esta quinta-feira o vereador do Urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa.

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Os moradores de quatro dos cinco edifícios afectados por um deslizamento de terras na Rua Damasceno Monteiro, em Lisboa, vão poder regressar em Julho às suas casas. Os habitantes do outro prédio regressarão “ainda este ano, talvez em Setembro”, disse esta quinta-feira o vereador do Urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa.

Numa conferência de imprensa que começou com mais de uma hora e um quarto de atraso, Manuel Salgado explicou o andamento actual dos trabalhos naquela rua da Graça, onde a queda de um muro do condomínio privado Villa Graça provocou o deslizamento de terras no fim de Fevereiro. “O muro já está em fase adiantada de reconstrução e vão também ser reconstruídos os dois edifícios que foram mais afectados”, disse o vereador. Salgado acrescentou que foram realojadas 96 pessoas “em apartamentos a estrear”, depois de nos primeiros dias terem ficado em casa de familiares ou em hotéis.

O vereador sublinhou que o muro caído é propriedade do condomínio e que, desde 2010, “a monitorização [da estrutura] foi feita por uma empresa” privada, cujas conclusões, à excepção de dois anos, não foram mostradas à autarquia. “A câmara nunca foi informada dos relatórios” inspectivos, disse Manuel Salgado, acrescentando no entanto que os dados de 2013 e 2014 foram mesmo entregues. “Uma semana depois de receber este [último] relatório, dois técnicos da câmara visitaram o local e constataram exactamente o mesmo” que a empresa privada, afirmou o vereador. Que o muro tinha “razoáveis condições de estabilidade”.

No mesmo encontro com os jornalistas, Manuel Salgado falou ainda sobre os outros dois incidentes ocorridos em Lisboa no último mês e meio: a abertura de um buraco profundo na Avenida de Ceuta e a separação de duas partes do tabuleiro do viaduto de Alcântara.

Quanto a este último, e confirmando o que o PÚBLICO já noticiara na semana passada, o vereador disse que o trânsito automóvel será retomado “em meados de Maio” no sentido Alcântara-Terra – Docas. Mas deu uma novidade: “Vão ser instalados dois pórticos no sentido de garantir que a circulação é limitada a ligeiros”. Isto porque a câmara suspeita que a “rotação do pilar” do viaduto que levou ao “afastamento das juntas dos tabuleiros” foi provocada pela “travagem de um veículo pesado” – cuja passagem no viaduto de Alcântara é proibida desde 2005.

Manuel Salgado disse também que “foram colocadas umas escoras para consolidar a estrutura” e que já está quase a ser posto em marcha “um projecto de reabilitação definitivo”, a cargo da construtora Teixeira Duarte.

Sobre a abertura de um buraco na Avenida de Ceuta, o vereador disse que “é provável” que ele tenha sido causado pela acumulação de águas subterrâneas, que provocou um abatimento do solo. Ainda assim, garantiu, “não houve qualquer dano na estrutura do caneiro de Alcântara”, que passa por baixo do local onde se deu o incidente, a meio de Março. O autarca acrescentou que, em articulação com o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), mandou estudar os solos em redor do caneiro e fazer sondagens nas zonas mais vulneráveis.

Câmara lança "programa de monitorização"

O vereador prometeu também, mas sem data concreta, apresentar um programa de monitorização das infra-estruturas da cidade. O objectivo é “monitorizar e intervir contra todos os riscos que se verificam quer por causas naturais quer devido a intervenções”, disse Salgado, especificando que este pretende ser um “programa transversal a todos os serviços da câmara”, uma vez que se quer reunir “informação que hoje está dispersa”.

“É importante ter a noção de que o risco está relacionado com o conhecimento”, afirmou Manuel Salgado. Nesse sentido, explicou, o programa prevê “intervenções a três níveis”: a “integração da informação”, “intervenções imediatas em situações de risco já identificadas” e o “levantamento de situações de risco potencial”.

Os trabalhos deste programa vão ser coordenados pela câmara, mas contam com a participação do LNEC, da Universidade Nova, do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) e de “empresas da especialidade, seja na área da geotecnia seja na área dos programas informáticos”, disse o vereador.