Greve pode encerrar museus e monumentos nacionais este fim-de-semana
A directora-geral do Património Cultural reconhece que há falta de pessoal e adianta que estão a ser estudadas formas de ultrapassar esse constrangimento.
A greve nacional dos trabalhadores dos museus e monumentos convocada para sexta-feira e sábado pode obrigar ao encerramento de alguns equipamentos, reconheceu a directora-geral do Património Cultural, Paula Silva, em declarações à Lusa. "A greve é um direito constitucional que causa constrangimentos, mas é por isso é que se faz greve", disse, admitindo a necessidade de fechar equipamentos ao público se não houver pessoal suficiente para os manter abertos.
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A greve nacional dos trabalhadores dos museus e monumentos convocada para sexta-feira e sábado pode obrigar ao encerramento de alguns equipamentos, reconheceu a directora-geral do Património Cultural, Paula Silva, em declarações à Lusa. "A greve é um direito constitucional que causa constrangimentos, mas é por isso é que se faz greve", disse, admitindo a necessidade de fechar equipamentos ao público se não houver pessoal suficiente para os manter abertos.
"Na medida do possível, teremos os serviços abertos, se houver pessoas suficientes para os manter abertos; se não houver, seguramente, encaramos a possibilidade de alguns estarem fechados", disse a responsável pela Direcção-Geral do Património Cultural, referindo que "o mais prejudicado vai ser o turismo espanhol", que visita Portugal na altura da Semana Santa.
Paula Silva reconheceu que há falta de pessoal e adiantou à Lusa que estão a ser estudadas hipóteses de ultrapassar tais constrangimentos, quer através da abertura de um concurso, que colocará mais de 100 efectivos, quer com a introdução de bilheteiras automáticas, e a "recolocação, se for caso disso," de funcionários noutras áreas, como a vigilância de salas.
A greve foi convocada pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas, que a anunciou no final de Março, junto ao Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, onde cerca de uma dezena de dirigentes sindicais mostraram uma faixa onde escreveram as suas principais exigências, entre elas o reforço dos recursos humanos e a valorização das carreiras.
Artur Sequeira, um dos dirigentes sindicais, disse então à agência Lusa que a greve foi convocada depois de várias reuniões com o Governo não terem dado resposta às necessidades dos trabalhadores, "que se arrastam há anos".
"Esperamos uma adesão forte, embora os trabalhadores já estejam a ser alvo de pressão para não fazerem greve", disse o dirigente sindical, estimando que este sector envolva "largas centenas" de funcionários de museus, monumentos, palácios e sítios arqueológicos em todo o país.
Artur Sequeira sublinhou que o sector da Cultura "tem uma falta de pessoal crónica por várias razões: aposentações de funcionários, saídas por acordo e o fecho das admissões na administração pública".
Outra questão sobre a qual os sindicatos tomaram posição diz respeito ao projecto do Governo, em apreciação no Parlamento, de municipalização das competências destes espaços culturais: "É o Ministério da Cultura que deve gerir estes serviços para garantir um serviço público de qualidade".
Outras reivindicações prendem-se com a reposição e a criação de carreiras especiais, o abono para falhas, o regulamento de entrega e transporte de valores, o regulamento de fardamento, as condições de saúde e segurança no trabalho, e a formação profissional.
Na semana passada, fonte do Ministério da Cultura disse à Lusa que o Governo quer integrar 113 trabalhadores de museus e monumentos nos quadros da Administração Pública através de concurso, mas aguarda autorização da tutela das Finanças.
Apesar da garantia de abertura de concursos para integração nos quadros, o sindicalista Artur Sequeira disse que a greve se mantém, porque também estão em causa outras reivindicações.
"Todos os monumentos, museus e sítios precisam de pessoas. Não basta integrar aquelas 100 pessoas. É preciso recrutar novos trabalhadores. E exigimos uma medida excepcional, porque, se for por concurso, aqueles trabalhadores arriscam-se a ver a vaga ocupada por outra pessoa", disse Artur Sequeira.