Costa: palavras de Dijsselbloem são "insuportáveis", mas o holandês "está de passagem"

Primeiro-ministro afirma que o presidente do Eurogrupo "devia abandonar o cargo", mas pede concentração aos europeus no que é "essencial".

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LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

O primeiro-ministro português, António Costa, classificou hoje como “insuportáveis” as palavras de Jeroen Dijsselbloem sobre os países do Sul da Europa, mas considerou que o importante agora é melhorar o euro, porque o presidente do Eurogrupo “está de passagem”.

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O primeiro-ministro português, António Costa, classificou hoje como “insuportáveis” as palavras de Jeroen Dijsselbloem sobre os países do Sul da Europa, mas considerou que o importante agora é melhorar o euro, porque o presidente do Eurogrupo “está de passagem”.

“Claro que [Dijsselbloem ] devia abandonar o cargo. As palavras são insuportáveis, mas temos de continuar a trabalhar no que é essencial [para a União Europeia (UE)]”, disse esta segunda-feira António Costa numa entrevista à Rádio Nacional de Espanha (RNE).

Momentos antes de participar numa cimeira dos países do Sul da Europa, em Madrid, o chefe do Governo português sublinhou que o presidente do Eurogrupo “está de passagem, mas o euro é um resultado muito importante do trabalho da UE e é nisso” que os europeus têm de se concentrar, “completando a União Económica e Monetária”.

Dijsselbloem foi alvo de críticas depois de uma entrevista ao germânico Frankfurter Allgemeine Zeitung, na qual afirmou, referindo-se aos países do Sul da Europa, que "não se pode gastar todo o dinheiro em copos e mulheres e depois pedir ajuda", o que motivou o pedido de demissão pelo Governo português.

Na entrevista à RNE, António Costa também desejou que a UE mantenha no futuro “uma relação próxima com o Reino Unido” e defendeu que “a melhor forma de o fazer é iniciar as negociações de uma forma amigável, sem aumentar a tensão” entre as duas partes.

O chefe do Governo português considerou “um mau exemplo”  as trocas de palavras da semana passada entre Londres e Madrid sobre os preparativos para a negociação da saída do Reino Unido da UE.

Os preparativos da negociação com Londres foram marcados nos últimos dias pela polémica sobre Gibraltar, um pequeno território com 32.000 habitantes, cedido pela Espanha ao Reino Unido em 1713, que Madrid reclama como sendo parte do seu território.

De acordo com um projecto de “orientações para a negociação” dos 27 publicado na semana passada, a posição de Espanha será decisiva na aplicação em Gibraltar de qualquer acordo entre a União Europeia (UE) e o Reino Unido depois do ‘Brexit’.

Londres criticou esta disposição, com receio de que Madrid se aproveite da situação para obter ganhos de causa para a sua pretensão de recuperar Gibraltar.

Os chefes de Estado ou de governo de sete país do Sul da Europa reúnem-se esta segunda-feira em Madrid para discutir o futuro da União Europeia e o processo de saída do Reino Unido ("Brexit").

Fonte do Governo espanhol revelou que a cimeira irá também abordar outros aspectos da actualidade europeia, como a luta contra o terrorismo e os desafios colocados pela pressão migratória, nomeadamente na fronteira sul do continente.

Mariano Rajoy (Espanha) será o anfitrião dos presidentes François Hollande (França) e Nikos Anastasiades (Chipre) e dos primeiros-ministros António Costa (Portugal), Paolo Gentiloni (Itália), Alexis Tsipras (Grécia) e Joseph Muscat (Malta).

A Cimeira de Madrid consiste num almoço de trabalho entre as 14h15 e as 16h45 (uma hora menos em Lisboa) no Palácio do Pardo, sendo seguida pelas habituais declarações à imprensa dos líderes.