União Europeia apela à calma com a violência de volta às ruas da Venezuela
Um morto e mais de uma centena de detidos numa semana de protestos contra o regime de Nicolás Maduro. Oposição promete continuar na rua.
A alta representante da União Europeia para a Política Externa, Federica Mogherini, fez um apelo à calma na Venezuela, sublinhando que não será através da “violência e do uso da força que se vai resolver a actual crise do país”.
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A alta representante da União Europeia para a Política Externa, Federica Mogherini, fez um apelo à calma na Venezuela, sublinhando que não será através da “violência e do uso da força que se vai resolver a actual crise do país”.
A chefe da diplomacia europeia juntou a sua voz à de vários governantes regionais e líderes de organizações de defesa dos direitos humanos, que exprimiram a sua preocupação com o regresso da violência às ruas da Venezuela, após as últimas medidas do Presidente Nicolás Maduro para condicionar a actividade política da oposição.
A última semana, com três grandes manifestações contra o regime, foi a mais violenta desde a grande vaga de protestos anti-governamentais de Fevereiro de 2014, quando 42 pessoas morreram em confrontos com a polícia e mais de 2200 foram presas.
A tensão foi aumentando desde a primeira marcha, na terça-feira, contra a decisão do Supremo Tribunal de Justiça que assumiu as competências legislativas da Assembleia Nacional, até à última, este sábado, convocada depois de se saber que o governador Henrique Capriles, principal rival eleitoral de Maduro, foi inabilitado para o exercício de cargos públicos durante um período de 15 anos – logo impedido de se candidatar nas presidenciais de 2018.
Com milhares de pessoas nas ruas a gritar “Não à ditadura!”, as autoridades usaram canhões de água, balas de borracha e gás lacrimogéneo para impedir o avanço dos manifestantes, que responderam atirando pedras. Nos confrontos entre polícia e manifestantes, já se registou um morto. Dezenas de pessoas, entre as quais vários dirigentes da oposição e o presidente da Assembleia Nacional, saíram feridas de acções de protesto em frente ao Parlamento. E segundo o Foro Penal Venezuelano, uma organização não-governamental, já foram detidas mais de 160 pessoas.
Apesar da repressão, os críticos de Maduro prometem não esmorecer: para esta segunda-feira estava marcada uma nova concentração em Caracas, e em várias capitais estaduais. Além da demissão dos juízes do Supremo e da reposição da normalidade constitucional, a coligação de oposição mesa da Unidade Democrática exige a convocação imediata de eleições.
Em comunicado, a Amnistia Internacional lembrou que o Estado tem obrigação de “garantir o direito à liberdade de expressão e à manifestação pacífica", e lamentou que o Governo de Maduro insista em “usar os seus recursos para perseguir e reprimir obstinadamente aqueles que têm opiniões distintas”.