Silêncio de Xi Jinping disfarça apreensão da China com impulsividade de Trump
Ataque com mísseis a base síria ocorreu em plena visita do Presidente chinês aos EUA.
O Presidente da China, Xi Jinping, em visita oficial aos Estados Unidos, teve a oportunidade de perceber — ao vivo e a cores — como Donald Trump é capaz de dizer e fazer tudo e o seu contrário, em questão de minutos. O seu primeiro encontro com o líder norte-americano foi um aviso, mas também uma lição, sobre a impulsividade de Trump (e a sua capacidade para fazer bluff) que Xi seguramente considerará útil na condução das negociações bilaterais e na gestão de dossiers complicados, desde a guerra comercial à escalada da tensão na Coreia do Norte.
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O Presidente da China, Xi Jinping, em visita oficial aos Estados Unidos, teve a oportunidade de perceber — ao vivo e a cores — como Donald Trump é capaz de dizer e fazer tudo e o seu contrário, em questão de minutos. O seu primeiro encontro com o líder norte-americano foi um aviso, mas também uma lição, sobre a impulsividade de Trump (e a sua capacidade para fazer bluff) que Xi seguramente considerará útil na condução das negociações bilaterais e na gestão de dossiers complicados, desde a guerra comercial à escalada da tensão na Coreia do Norte.
Antes de ser servida a sobremesa do primeiro jantar oficial, Trump informou o seu convidado de honra de que perdera a paciência com as provocações do Presidente Bashar al-Assad e dera ordem para bombardear a base aérea síria de onde foi lançado o ataque químico que matou mais de 80 pessoas na província de Idlib, na terça-feira. Xi Jinping engoliu a informação em silêncio.
Como notavam vários especialistas, a China não tem um interesse particular no conflito sírio, mas a sua posição está mais próxima da da Rússia do que dos EUA. Xi terá ficado desagradado com o desenvolvimento, que o deixou numa posição desconfortável — foi para evitar quebrar o protocolo e criticar o seu anfitrião que a reacção oficial à notícia veio de uma porta-voz em Pequim, sob a forma de uma condenação do uso de armas químicas e de acções militares unilaterais. “É imperativo prevenir uma deterioração da situação”, afirmou Hua Chunying.
Mas pior do que a quebra do protocolo, o que terá incomodado Xi Jinping foram as considerações sobre a possibilidade de uma operação militar semelhante em retaliação contra um eventual novo ensaio nuclear que o regime de Pyongyang estará a preparar. Da Casa Branca saíram já repetidos avisos de que as provocações de Kim Jong-un não ficarão sem resposta — até agora, a China confiou que os EUA não seriam imprudentes para arriscar uma acção tão desestabilizadora da região e com tantos riscos para aliados importantes como o Japão. Agora, estará na dúvida. Xi ficará também a questionar-se sobre qual seria a reacção de Trump perante uma manobra mais dramática no mar do Sul da China.