Primeiro romance de George Saunders chega a Portugal esta Primavera
Em menos de um ano, um dos mais elogiados autores norte-americanos passa de inédito e quase desconhecido em Portugal para um dos autores mais disputados pelas editoras portuguesas. Lincoln in the Bardo, o primeiro romance, vai ter edição portuguesa.
Lincoln in the Bardo, o primeiro romance do escritor George Saunders (Amarillo, Texas, 1958), publicado nos Estados Unidos há menos de um mês, vai ter edição portuguesa pela Relógio d’Água. Em menos de um ano, aquele que é um dos mais elogiados e criativos autores norte-americanos passa assim de inédito e quase desconhecido em Portugal para um dos autores mais disputados pelas editoras portuguesas.
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Lincoln in the Bardo, o primeiro romance do escritor George Saunders (Amarillo, Texas, 1958), publicado nos Estados Unidos há menos de um mês, vai ter edição portuguesa pela Relógio d’Água. Em menos de um ano, aquele que é um dos mais elogiados e criativos autores norte-americanos passa assim de inédito e quase desconhecido em Portugal para um dos autores mais disputados pelas editoras portuguesas.
Depois de a Ítaca ter comparado os direitos do livro de contos Dez de Dezembro, que publicou em Junho, a Antígona começou este ano com aquele que é o título mais emblemático de Saunders, Pastoralia, original de 2000, outro livro de contos. Saunders nunca saíra da narrativa breve, e muitos, mesmo entre os seus admiradores, diziam que lhe faltava a prova de fogo: um romance. Ele veio e, agora, após a entusiástica receptividade de Lincoln in the Bardo nos países de língua inglês, a Relógio d’Agua anuncia a publicação desse romance para os próximos meses de Maio ou Junho. A tradução será de José Lima e em português devera chamar-se Lincoln no Bardo.
Passa-se num tempo muito diferente dos contos. Conhecido por ser um autor focado no quotidiano das classes media e baixa, que narra com recurso ao absurdo e a uma linguagem a desafiar clichés. Saunders situa este livro no século XIX, mais precisamente na morte do filho do presidente Abraham Lincoln. Estamos num cemitério, em Washington D.C., dominados pelo sentimento de perda, com Saunders a conseguir momentos de grande e devastador brilhantismo literário, com a consciência numa deambulação meio alucinada a deixar-se visitar por anjos e fantasmas. O homem na sua dor e na fantasia da sua mente.
Numa recente conversa com o Ípsilon, a propósito da publicação em Portugal de Pastoralia, Saunders contou que levou quatro anos a escrever Lincoln in the Bardo, uma obra com menos recurso ao non-sense, mas onde a linguagem e a estrutura voltam a desafiar clichés.
Fortemente influenciado por escritores como Raymond Carver ou David Foster Wallace, de quem foi amigo, George Saunders vai aos comportamentos subterrâneos para falar da essência. Sobre Wallace disse: “Por vezes acho que ele teve acesso a minha mente e esta a exportar os meus pensamentos. Isso é muito poderoso.” Contou ainda que lhe aconteceu mais ou menos o mesmo com Hemingway. “Isso acontece quando alguém esta a ser autêntico, leva as coisas para um registo universal.”