Escolha do candidato do PSD a Matosinhos dá origem a queixa na PGR
Deputada Emília Santos e chefe de gabinete do líder da distrital do Porto são acusados de “tráfico de influências” por apelar ao voto em Joaquim Jorge
O controverso processo de escolha do candidato do PSD à Câmara de Matosinhos deu origem a uma queixa à Procuradoria-Geral da República (PGR), que está assinada por “um militante do PSD de Matosinhos” e que tem o endereço da concelhia no lugar da morada do remetente. A deputada do PSD, Emília Santos, mulher do líder da distrital do PSD-Porto e presidente da Câmara da Maia, Bragança Fernandes, e o chefe de gabinete deste, Rui Monteiro, são acusados de “tráfico de influências”, ao apelarem, alegadamente, que dois elementos da concelhia do partido, Joaquim Costa Monteiro (professor na Escola Básica Levante da Maia) e António Miguel Borges Silva (professor no Agrupamento de Escolas de Pedrouços) votassem em Joaquim Jorge para candidato à câmara nas autárquicas de 1 de Outubro.
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O controverso processo de escolha do candidato do PSD à Câmara de Matosinhos deu origem a uma queixa à Procuradoria-Geral da República (PGR), que está assinada por “um militante do PSD de Matosinhos” e que tem o endereço da concelhia no lugar da morada do remetente. A deputada do PSD, Emília Santos, mulher do líder da distrital do PSD-Porto e presidente da Câmara da Maia, Bragança Fernandes, e o chefe de gabinete deste, Rui Monteiro, são acusados de “tráfico de influências”, ao apelarem, alegadamente, que dois elementos da concelhia do partido, Joaquim Costa Monteiro (professor na Escola Básica Levante da Maia) e António Miguel Borges Silva (professor no Agrupamento de Escolas de Pedrouços) votassem em Joaquim Jorge para candidato à câmara nas autárquicas de 1 de Outubro.
O nome de Joaquim Jorge foi a votos três vezes e das três vezes houve um empate, pelo que o líder concelhio propôs que a votação se fizesse de braço no ar e não por voto secreto, decisão que levou a que sete elementos da concelhia saíssem da sala. Os outros sete que ficaram na sala aprovaram o candidato. Mas esta votação gerou controvérsia, pelo que foi marcada nova votação para 27de de Março, tendo o nome de Joaquim Jorge recebido nove votos a favor e sete contra.
A queixa, que deu entrada esta semana na PGR, refere que o candidato escolhido pela concelhia ameaçou o líder da distrital, para que este intercedesse por si. “Joaquim Jorge enviou um mail ao presidente da distrital, ameaçando-o que, se ele vetasse o nome dele, iria denunciar irregularidades cometidas pelo próprio como presidente da Câmara da Maia, bem como a promiscuidade da utilização indevida de meios da câmara para benefício pessoal e da namorada, a deputada Emília Santos”, lê-se na queixa. E acrescenta-se: “Nos últimos dias, a pedido expresso de Bragança Fernandes, tanto o seu chefe de gabinete como a deputada Emília Santos exerceram pressões inaceitáveis sobre dois elementos da comissão política da secção de Matosinhos, no sentido de eles aprovarem o nome de Joaquim Jorge e, assim, evitar uma eventual concretização da ameaça efectuada pelo candidato por mail”.
A deputada, de acordo com a queixa, terá dito aos dois elementos da concelhia que era ”muito amiga do director regional de Educação do Norte, José Mesquita, e que este lhe deve muitos favores, e que, inclusivamente, já tinha falado com ele sobre este assunto, estando ele disposto a ‘ajudar’”. “Inclusivamente, foi-lhe informado que o professor António Miguel Borges Silva estaria para ser nomeado director do Agrupamento de escolas de Pedrouços, mas que, se ele não votasse favoravelmente a candidatura de Joaquim Jorge, nunca seria nomeado para esse cargo, pois, a seu pedido, o dr. José Mesquita estava disponível para, junto da Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares, colocar entraves à sua nomeação”.
Quanto a Bragança Fernandes, o subscritor da queixa pergunta: ”O que é Joaquim Jorge sabe sobre negócios no concelho da Maia que fez com que entrasse em ‘pânico’ a ponto de pedir à sua namorada e ao seu chefe de gabinete de exercerem essas pressões sobre elementos da comissão política de Matosinhos?”
Contactada pelo PÚBLICO, Emília Santos negou qualquer “tráfico de influências”, mas referiu que ouviu “muitas pessoas a dizer que havia ameaças para que o nome do candidato fosse votado”. “Não pressionei ninguém, muito menos para evitar que saísse alguma coisa [na comunicação social] em relação ao meu marido”, declarou, revelando ser amiga do director regional de Educação do Norte. ”É verdade que sou amiga do doutor Mesquita”, afirmou. Quanto a Matosinhos, garante que a única coisa que disse foi que o partido se devia ter empenhado em encontrar um candidato vencedor, aproveitando a mudança de ciclo na câmara, onde o socialista Guilherme Pinto (1958-2017) foi reeleito em 2013 por uma lista independente.
Bragança Fernandes refuta as acusações que lhe fazem -“não passam de mentiras” - e desafia Joaquim Jorge a entregar no Ministério Público as informações que diz ter contra ele.