Um convidado indesejado no encontro entre Trump e Xi
O Presidente norte-americano irá reunir-se com o líder chinês em Mar-a-Lago, onde está instalado um magnata chinês crítico da política anti-corrupção de Pequim.
Trump, Xi e um crítico do Governo chinês entram na Mar-a-Lago e o que acontece a seguir é ainda um mistério. O guião é arriscado e o resultado será conhecido em breve. Na mesma altura em que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebe o seu congénere chinês Xi Jinping para uma cimeira de dois dias no seu resort de Mar-a-Lago, estará instalado no mesmo espaço Guo Wengui, um magnata chinês que, à semelhança de Trump, tem no imobiliário a fonte da sua fortuna e que é um forte crítico da política anti-corrupção do Governo chinês.
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Trump, Xi e um crítico do Governo chinês entram na Mar-a-Lago e o que acontece a seguir é ainda um mistério. O guião é arriscado e o resultado será conhecido em breve. Na mesma altura em que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebe o seu congénere chinês Xi Jinping para uma cimeira de dois dias no seu resort de Mar-a-Lago, estará instalado no mesmo espaço Guo Wengui, um magnata chinês que, à semelhança de Trump, tem no imobiliário a fonte da sua fortuna e que é um forte crítico da política anti-corrupção do Governo chinês.
A possibilidade de existir um encontro indesejável entre Wengui (também conhecido como Miles Kwok, nome que adopta na sua conta oficial do Twitter) e o Presidente chinês é assinalada pelo New York Times. Guo Wengui vive fora da China há mais de dois anos e é membro do resort de Mar-a-Lago, uma antiga residência presidencial adquirida por Trump antes de se tornar líder dos EUA, onde irá decorrer o encontro entre os dois líderes mundiais. A opinião negativa do magnata chinês em relação ao programa anti-corrupção de Pequim é publicamente conhecida. A situação é tão mais sensível uma vez que o impacto que as suas afirmações provocam reflecte-se na sua considerável audiência, o que acentua a tensão com o poder político chinês.
Christopher K. Johnson, antigo analista da China na CIA e actual quadro do Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais nota que, para o Governo chinês, Wengui é visto como um criminoso e a sua presença pode ser vista como “a carta disruptiva do baralho” durante o encontro entre Xi e Trump, cita o jornal norte-americano.
A estadia do magnata chinês - que alega ser uma vítima de corrupção por parte do mais alto nível da elite politica chinesa - no mesmo espaço onde os dois Presidentes se encontram é especialmente sensível tendo em conta a pouca liberdade dada pelo governo chinês para discussões que se afastem da agenda oficial de Pequim.
O mesmo jornal sublinha que, ao contrário de muitos magnatas chineses, habitualmente discretos, Wengui destaca-se pela partilha das suas excentricidades e não hesita em fazer frente a quem se colocar no seu caminho. Um dos exemplos citados remonta a 2006, quando um político chinês disputou uma propriedade com o milionário. Wengui não hesitou em entregar um vídeo com imagens íntimas do político às autoridades. Ficou com o terreno e nele construiu o Pangu Plaza, que se tornou uma das marcas dos Jogos Olímpicos de 2008.
O encontro entre Trump e Xi é uma tentativa de aproximação e normalização das relações entre Washington e Pequim, fragilizada pelos ataques dirigidos pelo agora Presidente norte-americano contra a China durante a campanha eleitoral.