Câmara do Porto vai gastar 100 mil euros por ano em arte nas galerias da cidade
Reactivação da colecção de arte municipal é uma das cinco linhas do projecto Pláka, de apoio às artes, que foi apresentado esta quarta-feira
Depois de um interregno de 14 anos, a Câmara do Porto vai voltar a comprar arte para a sua colecção municipal que tem, actualmente, cerca de 1500 obras. A autarquia tem 100 mil euros anuais para adquirir obras de arte que estejam expostas nas galerias da cidade, e que lhes serão apontadas por um grupo de cinco especialistas. As primeiras obras a ingressar na colecção terão que estar, obrigatoriamente, expostas em alguma galeria entre Julho deste ano e Julho de 2018.
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Depois de um interregno de 14 anos, a Câmara do Porto vai voltar a comprar arte para a sua colecção municipal que tem, actualmente, cerca de 1500 obras. A autarquia tem 100 mil euros anuais para adquirir obras de arte que estejam expostas nas galerias da cidade, e que lhes serão apontadas por um grupo de cinco especialistas. As primeiras obras a ingressar na colecção terão que estar, obrigatoriamente, expostas em alguma galeria entre Julho deste ano e Julho de 2018.
Esta é uma das cinco linhas do projecto de apoio às artes Pláka, que o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, apresentou na manhã desta quarta-feira, na Rua de Miguel Bombarda, acompanhado do seu adjunto para a Cultura, Guilherme Blanc. O autarca explicou que, das 1500 obras que compõem a colecção municipal de arte, apenas 30 “são obras de artistas contemporâneos”, tendo chegado à posse da autarquia através do legado da Fundação Eugénio da Andrade. E a última obra adquirida foi um quadro de António Carneiro, em 2003. “A colecção não é um projecto vivo e não estabelece uma relação dinâmica com a cidade, não tendo tido qualquer actualização. A câmara não desenvolveu trabalho em torno dos seus artistas e queremos agora uma reactivação dessa colecção”, disse Rui Moreira.
O momento escolhido prende-se, segundo o presidente da câmara, com “a maturidade do projecto” cultural do executivo e também com o facto de estar em cima da mesa a possibilidade de a autarquia passar a ter dois espaços em que será possível visitar as reservas de arte – um no antigo Matadouro Industrial, cujo projecto de reabilitação, há muito anunciado, ainda não avançou, e o outro no chamado Abrigo dos Pequeninos, que Rui Moreira diz que poderá abrir portas à sua nova função “seguramente no início do próximo ano”.
As obras de arte são sugeridas à câmara por um grupo composto por Gabriela Vaz Pinheiro, Pedro Alves Ribeiro, João Magalhães, Luís Nunes e Francisco Laranjo, e a decisão da sua compra será, posteriormente, votada pelo executivo. Por ano, não é possível adquirir obras no valor superior a 40 mil euros a uma única galeria, e Rui Moreira admitiu que 20% da verba global – 20 mil euros – poderá ser utilizada na compra de “arte não contemporânea, moderna ou de períodos anteriores, caso se justifique do ponto de vista patrimonial”.
Além desta componente de enriquecimento da colecção municipal de arte, o projecto Pláka inclui ainda os já conhecidos Prémio Internacional de Artes Visuais Paulo Cunha e Silva (25 mil euros) e a bolsa de apoio à arte contemporânea Criatório (240 mil euros para 16 projectos). As duas outras vertentes foram apresentadas por Guilherme Blanc.
Uma delas é o Colectivo Pláka que será, basicamente, “um grupo de reflexão e de produção de pensamento e conhecimento sobre arte contemporânea no Porto, com uma vertente internacional”. Financiado com 60 mil euros, o Pláka será também uma plataforma de troca de ideias e experiências entre os artistas que visitam a cidade e os que cá trabalham, que, posteriormente, dará origem a uma revista anual “sobre arte e produção artística no Porto, com uma perspectiva internacional”, explicou o adjunto de Rui Moreira.
A última componente deste projecto chegou à Câmara do Porto como uma proposta apresentada por um curador externo e adoptou o nome de Anuário. Na prática, disse Guilherme Blanc, é uma exposição da Galeria Municipal que será co-comissariada pela autarquia e que, partindo de novo do trabalho de um colectivo de curadores irá apresentar uma retrospectiva do que melhor se viu na cidade, ao longo de um ano, em termos de exposições. “Este curador externo vai constituir um colectivo que vai analisar, ao longo do ano o que acontece na cidade do ponto de vista expositivo, para que depois se apresente esta retrospectiva com os melhores trabalhos artísticos durante um ano. É também um espaço de reflexão sobre o que aconteceu no Porto”, disse Guilherme Blanc.
A exposição Anuário deverá chegar pela primeira vez à Galeria Municipal do Porto no segundo trimestre de 2018 e tem o que Rui Moreira designou de “orçamento normal para uma exposição, cerca de 40 mil euros”.