O que é que o sotavento algarvio tem? "Pouco brilho, mas mais valor", diz o Financial Times

Durante décadas, os investidores esqueceram-se do outro Algarve que vai de Olhão a Vila Real de Santo António. A imprensa económica internacional aponta a oportunidade de negócio.

Foto
A Ilha de Tavira, na região algarvia destacada pelo jornal. Enric Vives-Rubio/Arquivo

A concentração da procura pela costa algarvia entre as cidades de Lagos e Faro privilegiou a zona em termos de investimento no turismo e desenvolvimento na região, mas deixou cerca de 144 quilómetros de orla marítima por explorar. O alerta (ou a dica) chega do Financial Times (FT), que destaca as qualidades e virtudes da zona mais rural e mais calma do Algarve – entre Olhão e Vila Real de Santo António, uma área ainda inexplorada quando comparada com o chamado “triângulo dourado”, entre Vilamoura e a Quinta do Lago.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A concentração da procura pela costa algarvia entre as cidades de Lagos e Faro privilegiou a zona em termos de investimento no turismo e desenvolvimento na região, mas deixou cerca de 144 quilómetros de orla marítima por explorar. O alerta (ou a dica) chega do Financial Times (FT), que destaca as qualidades e virtudes da zona mais rural e mais calma do Algarve – entre Olhão e Vila Real de Santo António, uma área ainda inexplorada quando comparada com o chamado “triângulo dourado”, entre Vilamoura e a Quinta do Lago.

De acordo com os dados da consultora imobiliária Knight Frank, citados pelo jornal económico, no último ano, a média de preços por metro quadrado na zona este da costa algarvia oscilou entre os 3 mil e os 4.500 euros. Uns quilómetros mais para oeste e os preços já subiam até aos 8 mil euros.

Na zona central da costa algarvia as propriedades podem ser duas vezes mais caras do que as localizadas a leste de Faro, sublinha David Holder, sócio-gerente da imobiliária Fine & Country de Tavira. Holder destaca ainda que, apesar de os últimos 18 meses terem registado um ligeiro aumento na procura, os preços mantêm-se praticamente inalterados desde 2008.

Um dos exemplos citados pelo Financial Times é justamente Tavira, uma “cidade histórica com uma atractiva paisagem fluvial, ruínas de um castelo e lojas e restaurantes decentes”, onde uma casa com dois quartos pode ser comprada por 200 mil euros. Os preços descem na zona rural, com propriedades a partir de 50 mil euros e moradias com três e quatro quartos a partir dos 350 mil euros.

Na lista de incentivos criados por Portugal, lembra o FT, estão os chamados vistos gold (Autorização de Residência para a Actividade de Investimento), introduzidos em 2012, para que não-europeus conseguissem autorização de residência permanente em Portugal em troca de um investimento de 500 mil euros - em imóveis, por exemplo. Os recordes atingidos pelo turismo nos últimos dois anos deverão garantir a Portugal a estabilidade financeira e politica para investir na região leste, lê-se no jornal britânico. “O centro do Algarve está em desenvolvimento desde os anos 60, por isso está mais estável. Esta área vai precisar de tempo para amadurecer”, considera Salvador Lucena, gerente do Monte Rei - Golf & Country Club, um resort de luxo localizado a 15 quilómetros de Tavira, cuja oferta está pensada para o mercado internacional com mais poder económico, com propriedades que podem ir até aos 4 milhões de euros.

“Os residentes descobrem o luxo de ter mais espaço e paz, longe da pressão urbanística da zona central do Algarve”, acrescenta Lucena.

A edição da última quarta-feira do jornal destaca ainda a queda do crime no Algarve em cerca de 26% entre 2010 e 2015, bem como a descida da taxa de desemprego de 12,6% para 10%.