Relatório revela “clara tendência” de aumento da confiança no Governo e Parlamento

“A fórmula inédita de Governo tem-se revelado estável, e no momento da realização deste Eurobarómetro tanto o primeiro-ministro como o Presidente da República gozavam de ampla popularidade”, escrevem os autores do documento.

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Cidadãos estão a confiar mais no Parlamento MIGUEL MANSO

Há uma “clara” tendência de recuperação da confiança dos portugueses no Governo e no Parlamento: as percentagens de portugueses que confiam nestas instituições são duas vezes mais elevadas do que as observadas no Eurobarómetro anterior e ligeiramente mais altas do que a média europeia.

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Há uma “clara” tendência de recuperação da confiança dos portugueses no Governo e no Parlamento: as percentagens de portugueses que confiam nestas instituições são duas vezes mais elevadas do que as observadas no Eurobarómetro anterior e ligeiramente mais altas do que a média europeia.

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Esta é uma das conclusões do relatório nacional do Eurobarómetro 86, elaborado para a representação da Comissão Europeia em Portugal por uma equipa composta por José Santana Pereira (Instituto de Ciências Sociais – Universidade de Lisboa); Carlos Jalali (Universidade de Aveiro); Marina Costa Lobo (Instituto de Ciências Sociais – Universidade de Lisboa) e Patrícia Silva (Universidade de Aveiro).

Na esfera política, os autores destacam “a evolução das taxas de confiança nas instituições políticas nacionais em Portugal e na União Europeia nos últimos dois anos”. Em Portugal, escrevem, “há uma tendência de recuperação, em particular ao longo do ano de 2016”, especialmente no caso do Parlamento e do Governo. “De facto, as proporções de portugueses que confiam nestas instituições no Outono de 2016 são duas vezes mais elevadas do que as observadas no Outono anterior, e ligeiramente mais altas do que a média europeia. A evolução da taxa de confiança nos partidos tem sido mais lenta, mas a tendência é de crescimento”, lê-se no documento.

Em Portugal, o trabalho de campo foi feito entre 5 e 14 de Novembro de 2016, com 1014 inquiridos. Sobre o contexto político em que o documento foi elaborado, os autores explicam: “Enquanto o relatório anterior (Outono de 2015) analisava dados recolhidos num momento de impasse em relação à formação de Governo com base nos resultados das eleições legislativas, processo em que o então Presidente da República Cavaco Silva teve um papel importante, este relatório explora dados recolhidos quase um ano após a formação de um Governo minoritário do PS com o apoio dos partidos à sua esquerda (gerando um quadro político inédito desde a democratização), e cerca de oito meses depois da tomada de posse do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, eleito à primeira volta nas presidenciais de Janeiro de 2016.” E acrescentam ainda: “A fórmula inédita de Governo tem-se revelado estável, e no momento da realização deste Eurobarómetro tanto o primeiro-ministro como o Presidente da República gozavam de ampla popularidade.”

É ainda de realçar que 52% dos portugueses estão satisfeitos com o modo como a democracia funciona (valor que está dentro da média europeia, que é de 53%). Em 2014 e 2015, as taxas médias de satisfação com a democracia portuguesa eram de 26 e 32%, respectivamente.

O relatório mostra ainda que os portugueses continuam a ser dos europeus que mais consideram que a situação económica e o desemprego são os problemas mais importantes do país: 58% dos portugueses referem o desemprego – trata-se de um valor bastante superior à média europeia (31%). O aumento do custo de vida e a dívida pública também são temas frequentemente mencionados em Portugal (24%).

Não espanta, por isso, que portugueses sejam dos mais pessimistas da Europa – apenas 15% avaliam a situação económica nacional de modo positivo contra uma média europeia de 41%. Ainda assim, só 18% consideram que a situação económica do país irá piorar (em 2015 esta era uma expectativa partilhada por mais de um quarto dos portugueses; em 2014 por mais de um terço; e em 2013 por cerca de seis em cada 10 inquiridos). Quanto à percentagem de pessoas que consideravam que a situação financeira da sua família iria piorar no próximo ano, identificou-se o valor mais baixo dos últimos anos (11%), inferior aos registados em 2015 (cerca de 16%), 2014 (cerca de 21%), 2013 (cerca de 44%) ou 2012 (cerca de 50%). 

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No que toca à Europa, prevalece o sentimento de cidadania europeia e um “amplo apoio” às políticas-chave da União Europeia. Um exemplo: 61% dos portugueses discordam da ideia de que o seu país enfrentaria melhor o futuro se estivesse fora da União Europeia. Outro exemplo: 47% dos portugueses consideram que a imagem da União Europeia é positiva. A taxa de confiança na União Europeia é também mais alta em Portugal (48%) que no conjunto dos estados-membros (36%). E, em Portugal, 54% dos cidadãos afirmam estar optimistas em relação ao futuro da União, sendo este um valor ligeiramente superior à média europeia (50%).