Estudo: controlo de peso em grávidas sem influência no desenvolvimento ósseo infantil

O objectivo do estudo era analisar qual o efeito do ganho de peso durante a gravidez na qualidade óssea das crianças. Ao contrário do que se pensava, não existe ligação.

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O aumento de peso acima do recomendado durante a gravidez não traz benefícios para a criança, diz estudo JOAO GUILHERME/ARQUIVO

As medidas para controlo do peso durante a gravidez em mulheres com excesso de peso ou obesidade não influenciam negativamente o desenvolvimento ósseo das crianças, revela um estudo do Instituto de Saúde Pública do Porto (ISPUP).

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As medidas para controlo do peso durante a gravidez em mulheres com excesso de peso ou obesidade não influenciam negativamente o desenvolvimento ósseo das crianças, revela um estudo do Instituto de Saúde Pública do Porto (ISPUP).

Este dado contraria os pressupostos tidos em conta até à data, segundo os quais "qualquer ganho de peso da mãe" durante esse período poderia ter "um efeito benéfico na densidade óssea das crianças, quer ao nascimento, como mais tarde, na infância", explicou à agência Lusa a investigadora do Grupo de Epidemiologia das Doenças Não Transmissíveis do ISPUP, Teresa Monjardino.

O resultado referido faz parte do projecto "Aumento de peso materno durante a gravidez e as propriedades ósseas descendentes: uma associação diferencial em mulheres com excesso de peso", desenvolvido pelo grupo do ISPUP.

Segundo a investigadora, o objectivo desta investigação passa por verificar o efeito do ganho de peso durante a gravidez na qualidade óssea da criança aos sete anos de idade, com especial enfoque nas mulheres que têm excesso de peso ou obesidade antes de engravidar.

De acordo com Teresa Monjardino, o aumento de peso acima do recomendado pela Direcção Geral de Saúde (DGS) durante a gravidez não traz benefícios para os ossos das crianças, quer se tratem de mulheres com peso normal quer mulheres com excesso de peso.

Segundo a investigadora, as recomendações da DGS para uma alimentação saudável e prática de exercício físico durante esse período, indicadas para prevenir doenças metabólicas e cardiovasculares na mãe e na criança, servem também para optimizar a qualidade óssea destas últimas.

Para a obtenção dos dados foram avaliadas 2200 crianças e as respectivas mães, participantes no "Geração XXI", um projecto iniciado em 2005 que visa acompanhar o crescimento e o desenvolvimento de mais de oito mil crianças nascidas em hospitais públicos da Área Metropolitana do Porto, ao longo da vida.

Por este estudo, Teresa Monjardino foi distinguida no Congresso Mundial sobre Osteoporose, Osteoartrite e Doenças Músculo-esqueléticas 2017, com um prémio no valor de 2500 euros, tendo a cerimónia sido realizada em Florença, Itália, entre 23 e 26 de Março.

A especialista acredita que esta atribuição permite "aumentar a visibilidade do trabalho" que a equipa está a realizar junto da comunidade científica que se tem dedicado ao estudo da osteoporose e outras doenças músculo-esqueléticas.

No estudo participam ainda as investigadoras do ISPUP Teresa Rodrigues, Ana Henriques, Ana Cristina Santos e Raquel Lucas, e Cyrus Cooper, da Universidade de Southampton, no Reino Unido.