O peixe-mentira

Hoje já li duas ementas que incluem uma coisa chamada “peixe branco”. A primeira leva peixe branco e “pipocas de porco”. A segunda é uma “francesinha de peixe branco com queijo da ilha e molho de caril”.

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Hoje já li duas ementas que incluem uma coisa chamada “peixe branco”. A primeira leva peixe branco e “pipocas de porco”. A segunda é uma “francesinha de peixe branco com queijo da ilha e molho de caril”.

Foi nos estaminés de pseudo-sushi que começou a aldrabice de falar em peixe branco quando se queria esconder os peixes horríveis que se impingiam. “Peixe manteiga”, butterfish e “atum branco” são nomes falsos e ilegais que os vigaristas usam para esconder a utilização do peixe chamado “escolar” que provoca vómitos e diarreias gordas.

Em muitos países (como o Japão e a Itália) é proibido vendê-lo. Na União Europeia, sabe-se lá porquê, é legal. Mas é obrigatório indicar o nome científico (Lepidocybium flavobrunneum), acompanhado por um aviso acerca dos “efeitos gastrointestinais adversos”. O mesmo se exige a outro peixe diarreico, vendido como “bacalhau negro” ou “bacalhau do Atlântico”: é o Ruvettus pretiosus.

Outros peixe branco repugnante é a perca do Nilo, para não falar nos perigos e nojos das tainhas e corvinas pescadas em águas semifluviais e contaminadas.

Quando falam em peixe branco, temos de perguntar que peixe é que é, ao certo, e se é de viveiro ou do mar. Temos o direito de pedir para ver facturas, caso o robalo, a dourada, o linguado ou o pregado pareçam de viveiro. Num restaurante temos o mesmo direito à informação concreta que temos numa peixaria, incluindo a indicação da zona de captura. Uma peixaria não pode vender “peixe branco”. Um restaurante também não. Basta.