Por várias vezes falei aqui no P3 sobre jogos de tabuleiro modernos. Já defendi que podem ser melhores que os jogos de vídeo. Já referi que podem ser úteis para valorizar e reforçar as relações humanas. Mas os jogos de tabuleiro modernos podem fazer ainda mais que isso. Para além da dimensão de sustentabilidade ambiental que têm, podem ser ferramentas de intervenção e integração social.

Por várias vezes falei aqui no P3 sobre jogos de tabuleiro modernos. Já defendi que podem ser melhores que os jogos de vídeo. Já referi que podem ser úteis para valorizar e reforçar as relações humanas. Mas os jogos de tabuleiro modernos podem fazer ainda mais que isso. Para além da dimensão de sustentabilidade ambiental que têm, podem ser ferramentas de intervenção e integração social.

Não estou a exagerar. Em Leiria já comprovámos que com um grupo de voluntários motivados e mobilizados podemos usar os jogos de tabuleiro para criar ações de impacto social. Em 2014 fundámos o Clube de Boardgamers de Leiria, tendo sido acolhido pela Associação Fazer Avançar (AFA) que ficou conhecida a nível nacional pelo projeto SPEAK. O nosso objetivo era criar um grupo de pessoas e ter um espaço para o nosso hobby: os jogos de tabuleiro modernos.

As desconfianças foram muitas e ainda vamos tendo que desmontar muitas ideias pré concebidas e até preconceitos. Mas a verdade é que fomos mobilizando pessoas que se transformaram em ativistas sociais voluntários. Transformámos o hobby em intervenção social real. Começámos pela Pediatria do Hospital de Leiria onde todos os meses tentamos proporcionar um dia diferente às crianças e jovens internados. Fomos a várias escolas e até fizemos iniciativas com a Universidade Sénior da Marinha Grande, comprovando que estes jogos podem ser usados como ferramentas de aproximação intergeracional. Todos os meses fazemos um encontro em contexto familiar, em que promovemos o uso destes jogos como reforço da interacção presencial entre adultos e crianças, evitando o isolamento e passividade de alguns tecnologias virtuais. Iniciámos um projeto com os voluntários da Juventude da Cruz Vermelha de Leiria, através do seu projeto Rua Direita, que conta com o apoio do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD). Em conjunto contribuímos para que possam levar os jogos de tabuleiro ao Estabelecimento Prisional de Leiria - Jovem. Também conseguimos integrar e cativar as crianças e jovens institucionalizados em internatos locais através dos jogos de tabuleiro. Estamos também a testar a aplicação dos jogos de tabuleiro com jovens e crianças com dificuldade de aprendizagem.

Este projeto tem sido viável porque fomos acolhidos por uma associação local e porque conseguimos transformar uma actividade de lazer em algo que nos preenche socialmente como voluntários, que apenas ganham pelo prazer de colocar o seu hobby ao serviço da comunidade, pois a participação é gratuita para o público. Com certeza que mais exemplos destes irão surgir, especialmente quando mais pessoas tiverem acesso e informação sobre as potencialidades dos novos e modernos jogos de tabuleiro. Até lá vamos continuando com a nossa “evangelização”. Os aficionados e voluntários têm crescido em número, tal como as pessoas e instituições que nos têm ajudado com donativos de jogos para a nossa ludoteca comunitária. A Fnac tem sido um dos nossos principais parceiros, tal como a Mesa Boardgames, a Pythagoras, alguns outros criadores individuais de jogos de tabuleiro e a própria Spiel Portugal, que organiza anualmente a prestigiada Leiriacon.

Tudo isto para demonstrar que um projeto, que aparentemente parece uma brincadeira, pode fazer a diferença socialmente. Também não foi por acaso que fizemos uma proposta no Orçamento Participativo de Portugal para que estes exemplos possam ser replicados noutros locais de Portugal. Vamos a jogo?