O tigre-indochinês está a conseguir fintar a extinção
Seriamente ameaçado de extinção, o tigre-indochinês estará a conseguir reproduzir-se na Tailândia.
Conservacionistas afirmam ter provas de que o tigre-indochinês ou tigre-da-indochina, espécie em forte risco de extinção, está a reproduzir-se num parque nacional no leste da Tailândia. Com o total da população do tigre-indochinês a rondar pouco mais de 200 espécimes na actualidade, este anúncio reaviva a esperança na sobrevivência da espécie, escreve o The Guardian.
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Conservacionistas afirmam ter provas de que o tigre-indochinês ou tigre-da-indochina, espécie em forte risco de extinção, está a reproduzir-se num parque nacional no leste da Tailândia. Com o total da população do tigre-indochinês a rondar pouco mais de 200 espécimes na actualidade, este anúncio reaviva a esperança na sobrevivência da espécie, escreve o The Guardian.
O anúncio feito por autoridades tailandesas responsáveis pela conservação de animais e duas organizações privadas informa que há fotografias e vídeos de um grupo de tigres-indochineses que inclui seis crias. As evidências fotográficas foram recolhidas através de câmaras escondidas ao longo do parque nacional e vão de encontro a um estudo científico que defendia a existência desta segunda população reprodutora de tigres-indochineses a nível mundial. O outro local confirmado de reprodução da espécie é o santuário de vida selvagem Huai Kha Khaeng, no oeste da Tailândia.
Num comunicado conjunto, as autoridades tailandesas, a organização Freeland, que luta contra o tráfico humano e animal, e o grupo de conservação de felinos selvagens Panthera recordam dados preocupantes sobre o tigre-indochinês. A espécie, que outrora habitou grande parte da Ásia, só sobrevive actualmente no sudeste da China, no Camboja, no Laos, no Vietname, em Myanmar e na Tailândia.
“A caça para o comércio ilegal de animais selvagens representa a maior ameaça à sobrevivência do tigre, cujo número [de espécimes] em meio selvagem diminuiu de 100 mil há um século para 3.900 hoje”, lê-se no comunicado, que sublinha “admirável resiliência dos tigres, tendo em conta a caça e a exploração de madeira ilegal”.
“O departamento tailandês de silvicultura provou que com as devidas medidas de protecção podemos aumentar o número de tigres e hoje o Huai Kha Khaeng, especificamente, é um modelo global de conservação de tigres”, disse ao The Guardian o director executivo do grupo Panthera, Alan Rabinowitz. “Agora é preciso aplicar o que foi feito em Huai Kha Khaeng no complexo florestal ocidental [onde foram encontradas as seis crias]”, acrescentou.
O director dos parques nacionais da Tailândia, Songtam Suksawang, admitiu que a luta contra a extinção do tigre-indochinês não seria possível sem uma vigilância constante. “O reforço das patrulhas de combate à caça e os esforços de aplicação da lei nesta área desempenharam um papel fundamental na conservação da população de tigres ao assegurar um ambiente seguro para a sua reprodução.”, disse Suksawang citado no site da BBC. “Contudo, é necessário continuar vigilante e manter estes esforços, porque caçadores bem armados são ainda uma grande ameaça", recorda.
O tigre-indochinês é mais pequeno do que os seus parentes mais conhecidos, como o tigre-siberiano e o tigre-de-bengala.
Estará o tigre-da-tasmânia mesmo extinto?
A notícia da descoberta das seis crias de tigre-indochinês fora do santuário de vida selvagem Huai Kha Khaeng chega apenas um dia depois de terem sido relatados avistamentos do tigre-da-tasmânia no Norte de Queensland, na Austrália. Nativo da Austrália e Nova Guiné, o tigre-da-tasmânia (ou lobo-da-tasmânia) era um marsupial carnívoro. O apelido de "tigre" surgiu devido às listras escuras que preenchiam as suas costas e cauda. Já o "lobo" vem das suas semelhanças físicas com os membros da família canidae (cão) do Hemisfério Norte, nomeadamente os dentes afiados, as mandíbulas poderosas, a forma geral do corpo e por ser digitígrado, ou seja, andar sobre os dedos como os cães ou os gatos.
Considerado como extincto desde 1936, ano da morte do último espécime conhecido no antigo jardim zoológico australiano de Hobart, os possíveis avistamentos levantaram questões que os cientistas da Universidade James Cook estão agora a tentar responder através de uma busca na zona Norte de Queensland.
Segundo o The Guardian, o professor universitário Bill Laurance garante que teve uma longa conversa com duas pessoas que viram na península do Cabo York animais que poderão ser espécimes vivos do tigre-da-tasmânia, e que as descrições que lhe foram dadas foram detalhadas e plausíveis. As duas testemunhas são um funcionário experiente do Serviço de Parques Nacionais de Queensland e um campista frequente da região Norte do estado.
O professor universitário disse que as descrições dos olhos, tamanho, forma e comportamento não são consistentes com características conhecidas de animais de outras grandes espécies conhecidas do Norte de Queensland, como o dingo ou o javali. Bill Laurence acrescentou ainda que todos os potenciais avistamentos até à data aconteceram durante a noite, mas que “num caso, quatro animais foram vistos a curta distância, aproximadamente 6 metros, com o auxílio de um foco de luz”.
Sandra Abell, investigadora do Centro do Meio Ambiente Tropical e Ciência de Sustentabilidade da Universidade James Cook, que lidera a pesquisa de campo, afirmou que foram contactados por mais pessoas sobre possíveis avistamentos desde que as intenções de estudar a área à procura do tigre-da-tasmânia foram tornadas públicas.
A pesquisa vai ser feita através da colocação de 50 câmaras escondidas na península do Cabo York, o mesmo tipo de equipamento que permitiu a descoberta das seis crias do tigre-indochinês na Tailândia. O início da busca está marcado para Abril ou Maio, altura em que começa a temporada de seca.
Abell afirma também que mesmo que o tigre-da-tasmânia não seja detectado, o estudo servirá para reunir mais informações sobre o estatuto das espécies raras e ameaçadas de mamíferos presentes na península. “As hipópeses de encontrarmos tigres-da-tasmânia são baixas, mas certamente teremos mais dados sobre os predadores da área e isso vai ajudar outros estudos”, admitiu.
Para Sandra Abell, “não é impossível” que os animais vistos sejam tigres-da-tasmânia. “Não é uma criatura mitológica. Muitas das descrições que as pessoas nos forneceram não são meros relances com os faróis do carro. As pessoas que dizem ter visto o tigre-da-tasmânia têm descrições com grande detalhe, por isso é difícil dizer que não foi isso que eles viram", diz.
Texto editado por Pedro Guerreiro