Banco de Portugal obriga Haitong a reforçar capital em 419 milhões
A operação portuguesa do chinês Haitong Bank, que resultou do ex-BESI, vai ter de se recapitalizar num valor total de 419 milhões de euros. O objectivo é colocar os rácios de capital do banco de investimento no mínimo de 14%.
Em comunicado enviado ao mercado, esta quarta-feira, o banco que sucedeu ao BES Investimento (BESI) esclarece que "a Haitong Securities Company Limited aprovou a subscrição de um aumento de capital de 339 milhões de euros no Haitong Bank, S.A., assim como a conversão em capital social de um instrumento financeiro subordinado de 80 milhões de euros (elegível para fundos próprios adicionais de nível Tier 1)".
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Em comunicado enviado ao mercado, esta quarta-feira, o banco que sucedeu ao BES Investimento (BESI) esclarece que "a Haitong Securities Company Limited aprovou a subscrição de um aumento de capital de 339 milhões de euros no Haitong Bank, S.A., assim como a conversão em capital social de um instrumento financeiro subordinado de 80 milhões de euros (elegível para fundos próprios adicionais de nível Tier 1)".
O PÚBLICO apurou que a imposição de recapitalização do Haitong Bank partiu do Banco de Portugal, uma exigência que surge na sequência do exercício de avaliação e de supervisão (Step Test) que decorreu em 2016.
Em função da análise, que abrangeu o modelo de negócio, o sistema de governação e o grau de cumprimento das regras, o regulador recomendou que o rácio de capital do Haitong subisse para, pelo menos, 14%. Em 2015, o grupo chinês Haitong Securities pagou ao Novo Banco 370 milhões de euros por 100% do capital do BESI (agora redenominado Haitong).
As exigências de capital traduzem o quadro de deterioração da actividade do banco que fechou o exercício de 2016, com resultados fortemente negativos, mais concretamente um prejuízo de 96 milhões de euros, segundo o mesmo comunicado da instituição divulgado na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Os analistas previam um prejuízo de 100 milhões de euros. Isto, depois do Haitong ter apresentado, no primeiro semestre do ano, um prejuízo de 21,4 milhões de euros (que compara com o lucro de 292 mil euros obtido em igual período de 2015).
No actual contexto macro económico o negócio da instituição está também em queda, passando de uma facturação de 20 milhões, em 2015, para quatro milhões em 2016, segundo dados apurados pelo PÚBLICO. Um quadro que não deixou indiferente o supervisor.
Em Dezembro, já depois da saída do anterior presidente, José Maria Ricciardi, em ruptura com o grupo chinês, o seu substituto, Hiroki Miyazato, e o administrador francês Christian Minzolini (que continuou na gestão) foram chamados ao Banco de Portugal. Na reunião, onde participaram Carlos Albuquerque, o anterior director do departamento de supervisão, e João Rosa, o seu adjunto, Miyazato e Minzolini comprometeram-se a avançar com um programa de reestruturação da instituição que prevê uma forte diminuição do quadro de pessoal. O encontro e os avisos do BdP foram ditados por Minzolini para a acta do último conselho de administração do Haitong Bank de 2016.
O plano de rescisões amigáveis arrancou a 24 de Fevereiro e vai levar, nesta fase, à saída, até final de Abril, de 78 trabalhadores, uma redução dos efectivos, em cerca de 30%, o que foi já confirmado ao PÚBLICO por fonte da empresa.
O processo negocial deverá estar “praticamente encerrado e para o qual até se voluntariaram mais pessoas do que o expectável” revelou ao PÚBLCO o presidente do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas, Rui Riso, em declarações proferidas a semana passada. Os custos associados ao êxito do programa de rescisões amigáveis deverão repercutir-se negativamente nas contas de 2017.
No início do ano, a sucursal portuguesa do Haitong, que resultou da compra do ex-BESI, anunciou que pretendia adaptar-se “às novas tendências do sector e às actuais contingências dos mercados financeiros internacionais”, sem referir a intenção de avançar com rescisões. E segundo Rui Riso “trata-se de um plano levado a cabo pelo grupo em termos mundiais.”