Guadiana: um passadiço para dar o Pulo do Lobo
A zona da cascata do Pulo do Lobo, em pleno Parque Natural do Vale do Guadiana, vai ter um passadiço em madeira. A instalação da estrutura deverá estar concluída no final do ano
É um dos principais pontos de interesse do Parque Natural do Vale do Guadiana, uma garganta escarpada de xisto que transforma o calmo rio numa zona de rápidos, cenário raro no Baixo Alentejo. Para alguns, é geografia decalcada da insólita justificação de Cavaco Silva para não responder às críticas de Mário Soares, então Presidente da República, em 1994. "Estava no Alentejo profundo, mais precisamente no Pulo do Lobo, a comer caracóis num café", esquiva-se o então primeiro-ministro. Para outros, mais miúdos, é título e palco de acção de um dos livros da colecção Uma Aventura, de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, publicado em 2010.
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É um dos principais pontos de interesse do Parque Natural do Vale do Guadiana, uma garganta escarpada de xisto que transforma o calmo rio numa zona de rápidos, cenário raro no Baixo Alentejo. Para alguns, é geografia decalcada da insólita justificação de Cavaco Silva para não responder às críticas de Mário Soares, então Presidente da República, em 1994. "Estava no Alentejo profundo, mais precisamente no Pulo do Lobo, a comer caracóis num café", esquiva-se o então primeiro-ministro. Para outros, mais miúdos, é título e palco de acção de um dos livros da colecção Uma Aventura, de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, publicado em 2010.
Agora, a zona do Pulo do Lobo vai ter um passadiço de madeira com quase um quilómetro de comprimento, para “melhorar a visitação” daquela “zona lindíssima” do concelho de Serpa, avança à Fugas o presidente da autarquia, Tomé Pires. “Há muito que queríamos e estávamos a tentar melhorar as condições de visitação nesta zona.” O primeiro passo foi melhorar a principal via de acesso, através de troços de asfaltamento e terraplanagem. Agora a candidatura aos apoios comunitários do programa Alentejo 2020 para a construção de um passadiço foi aprovada e no próximo mês deverá ser lançado o concurso público para a instalação da estrutura. As obras, prevê a autarquia, devem arrancar no “início de Julho” e estar concluídas “no final do ano”.
O projecto é composto por três troços exclusivamente pedonais: uma escadaria “com cerca de 300 degraus”, que desce a encosta em ziguezague “através de patamares de descanso que servem também como varandas”; e dois passadiços que se desenvolvem em sentidos opostos ao longo da margem esquerda do rio. “A ideia foi dar as duas imagens do Guadiana existentes nesta zona”, indica o autarca. A montante, o caudal largo e tão calmo que mais parece um lago; a jusante, a garganta fluvial que se aperta entre xistos para formar uma cascata de espuma. A estrutura integra ainda três zonas de estadia, com varandas-miradouros sobre o Guadiana, e duas pontes – uma delas sobre a ribeira do “beco do pulo”.
Actualmente, a zona da cascata do Pulo do Lobo é de difícil acesso e não possui estruturas de segurança, implicando uma descida a pé pela encosta de declive acentuado. O objectivo é torna-la “acessível e confortável”, com vista “à valorização e visitação do sítio”. Além do passadiço, vai ser instalada sinalética e painéis informativos e interpretativos sobre o Pulo do Lobo, o cenário envolvente e a ligação da zona ao Parque Natural do Vale do Guadiana.
O projecto, afirma Tomé Pires, é “o continuar de uma estratégia da câmara de Serpa”, que passa por “salvaguardar o património” – neste caso, o património natural – e, depois, “utilizá-lo de forma a promover o desenvolvimento económico e social do concelho” – aqui através do turismo. Desde que começou a ser alinhavado, revela, houve vários “proprietários a avançar com algumas ideias”, como a criação de um parque de caravanas ou a abertura de unidades de alojamento local. “Já se sentem novas dinâmicas e é isso que se quer: dinamizar e juntar vontades para que apareçam novos projectos.”
O sucesso dos passadiços do Paiva “influenciou o surgimento deste projecto”, não esconde o autarca, que assume ter visitado várias vezes a estrutura instalada há dois anos em Arouca. A empresa que desenhou os dois projectos é até “a mesma”, revela. Embora seja um passadiço mais modesto – e pequeno – do que o instalado na margem esquerda do Paiva, a expectativa é repetir o êxito, com o aumento do número de visitantes na região.
A obra tem um custo total elegível de 427 mil euros, sendo financiada a 75% pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (Feder), no valor de 320 mil euros, aproximadamente.