Mudou de vida e só fala de política internacional
O antigo líder do CDS tem mantido distância da política nacional.
Nem uma palavra sobre política nacional. Assim têm sido as intervenções públicas de Paulo Portas desde que deixou a liderança do CDS. São conferências e comentários televisivos (esporádicos) mas sempre sobre assuntos internacionais. As questões de política interna ficarão para os contactos pessoais que mantém com democratas-cristãos.
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Nem uma palavra sobre política nacional. Assim têm sido as intervenções públicas de Paulo Portas desde que deixou a liderança do CDS. São conferências e comentários televisivos (esporádicos) mas sempre sobre assuntos internacionais. As questões de política interna ficarão para os contactos pessoais que mantém com democratas-cristãos.
Quando há um ano passou o partido a Assunção Cristas, Paulo Portas prometeu deixar a política e mudar de vida. Tornou-se consultor da Mota-Engil, conselheiro de uma filial em Espanha da petrolífiera mexicana PEMEX e passou a ser comentador da TVI em momentos especiais como o Brexit (Junho do ano passado) ou as eleições legislativas em Espanha (na mesma altura), durante as quais esteve em directo de Madrid. Chegou a ser noticiado que iria ter um programa de comentário semanal na TVI – que podia ser até em substituição de Marcelo Rebelo de Sousa – mas isso não chegou a acontecer. O PÚBLICO questionou a TVI sobre se o formato da colaboração de Paulo Portas poderia vir a alterar-se, mas não obteve resposta.
Os comentários do ex-líder do CDS-PP nos jornais televisivos da TVI foram suscitados por acontecimentos internacionais. O mais recente foi a propósito das primeiras semanas de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. A decisão de Trump de pôr fim à participação dos EUA no Tratado Transpacífico de Comércio Livre foi, também, um dos pontos abordados na penúltima conferência do ex-vice-primeiro-ministro em Leiria, há duas semanas, a convite da Associação Acção para Internacionalização. No final, recusou fazer declarações aos jornalistas, dizendo que não é da política, segundo relatou a Lusa.
O ex-líder do CDS voltou a uma iniciativa do partido, a Escola de Quadros, em Setembro do ano passado, mas a escolha do tema do jantar-debate com o socialista António Vitorino recaiu sobre os “desafios de Portugal no presente contexto internacional”. Não deu entrevistas, à excepção de uma para o PÚBLICO/RR, mas que também versou em exclusivo sobre política internacional. Apresentou livros, nomeadamente o de Adriano Moreira, lançado no ano passado, com o título "Futuro com memória", mas só falou aos jornalistas para garantir que não havia incompatibilidade entre o fim do cargo político e o de ter aceite ser consultor da Mota-Engil.
A “geoestratégia do mundo em 2017” foi também o tema de um pequeno-almoço com empresários, realizado há algumas semanas, em que o antigo número dois do Governo de Passos Coelho com a pasta da diplomacia económica, deu nota das perspectivas económicas para este ano. A iniciativa foi da câmara de Comércio, de que é vice-presidente, cargo que foi anunciado pouco depois de ter deixado a liderança do CDS. No partido, há quem considere ser demasiado cedo para Paulo Portas voltar a aparecer regularmente na televisão e que será difícil, senão mesmo impossível, o antigo líder desligar-se da política nacional. Resta saber até quando.