Brasil puxa TAP para prejuízos
Preço do petróleo deu um contributo positivo de 200 milhões de euros à companhia aérea
As operações da TAP no Brasil mantiveram um comportamento negativo no ano passado, de 47,5 milhões de euros, empurrando os resultados do grupo para prejuízos de 27,7 milhões. Mesmo assim, de acordo com o relatório e contas de 2016, agora disponibilizado, verificou-se uma melhoria da unidade de negócio brasileira, ligada à manutenção. Ao nível do grupo, a perda de quase 30 milhões é substancialmente inferior aos 156 milhões negativos de 2015.
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As operações da TAP no Brasil mantiveram um comportamento negativo no ano passado, de 47,5 milhões de euros, empurrando os resultados do grupo para prejuízos de 27,7 milhões. Mesmo assim, de acordo com o relatório e contas de 2016, agora disponibilizado, verificou-se uma melhoria da unidade de negócio brasileira, ligada à manutenção. Ao nível do grupo, a perda de quase 30 milhões é substancialmente inferior aos 156 milhões negativos de 2015.
Só por si, a TAP, enquanto companhia aérea, teve um lucro de 34 milhões. E, aqui, entra em jogo o preço do combustível, que veio dar uma ajuda às contas da companhia. No ano passado, o petróleo esteve mais barato do que em 2015, o que resultou num “reflexo favorável no encargo da TAP com combustíveis que se estima em 200,5 milhões de euros”, com os custos totais de combustível a baixarem um terço face a 2015.
Do lado oposto, a pressionar as contas, a TAP sofreu o impacto de “uma conjuntura marcadamente desfavorável em alguns dos principais mercados da empresa no longo curso, tradicionalmente mais rentáveis”, como Brasil, Angola e Venezuela. Olhando para as receitas do grupo, estas desceram dos 2409 milhões de euros de 2015 para 2290 milhões no ano passado. Em termos globais, a TAP transportou 11,7 milhões de passageiros (um número recorde), o que representa um crescimento de 3,3%, mas essa subida foi afectada por factores como o preço.
De acordo com o relatório e contas, a quebra no Brasil, que teve um peso de 20% do total das vendas em 2015 (superando os 400 milhões) “foi o factor fundamental” que afectou a receita registada em 2016. “A nível de proveitos, o Brasil tem vindo a perder peso no conjunto das vendas da TAP S.A. com quebras sucessivas de receita naquele mercado desde o pico de 2013, tendo reduzido a sua quota para 17% em 2016”, refere a empresa. Com o Brasil a atravessar uma profunda recessão, e incerteza política, diz a TAP que 2016 foi o ano “em que a quebra de receita foi mais acentuada, com 20% de redução”.
TAP compra dívida de Angola
No caso de Angola, a queda de proveitos foi de 20%, mas neste caso houve também um equilíbrio com uma redução de oferta na rota de Luanda “na mesma ordem de grandeza”, o que permitiu “manter o nível da tarifa média”. Com dificuldades em transferir dinheiro de Luanda para Portugal, a empresa recorreu a uma linha de crédito de 20 milhões de dólares dando como colateral dos depósitos que detém em Angola. Ao mesmo tempo, aplicou muito do dinheiro retido neste mercado em obrigações do tesouro angolano para se proteger de novas desvalorizações cambiais, já que estas estão indexadas ao dólar. No final do ano passado, a TAP tinha 40 milhões aplicados em dívida deste país.
Já a Venezuela continua a ser um problema por resolver, com as autoridades locais a reter pagamentos, sem autorizações de repatriamento de capitais, o que provocou, no ano passado, uma “variação cambial negativa” de 2,6 milhões.
No mercado português, onde a concorrência tem feito pressão, as receitas desceram 4%, para perto dos 450 milhões de euros de proveitos, devido a uma estratégia de descida da tarifa média “compensada, parcialmente, pelo aumento de passagens vendidas”.
Crescer na América
Já os Estados Unidos, onde a empresa tem apostado, seja com o reforço de ligações, seja com novas rotas, subiram os proveitos em 35%, e já valem 8% do total das venda da TAP, superando assim “a totalidade dos mercados africanos”. “As perspetivas continuam a ser de crescimento e expansão no mercado norte-americano, até aqui pouco explorado”, sublinha a empresa.
Por um lado, as novas rotas abertas no ano passado para este mercado “só em 2017 terão efeito pleno na exploração”. Por outro lado, diz a TAP, “novos destinos para a América do Norte estão planeados, ou em estudo, e a expansão no Atlântico Norte constitui um elemento da nova estratégia comercial e uma fonte de diversificação relevante em termos económicos e também em termos cambiais”.
Novas rotas a caminho
É neste âmbito que se insere a previsão de abertura de nova rota para Toronto (Canadá), mas a transportadora aérea quer expandir-se também em África e reforçar a oferta na Europa. Assim, está previsto o reforço da ligação a Dakar (Senegal) e Marraquexe (Marrocos), e uma nova ligação a Abidjan (Costa do Marfim).
No continente europeu, há novas rotas no horizonte da TAP para Las Palmas (no arquipélago espanhol das Canárias), Alicante (Espanha), Colónia e Estugarda (Alemanha), Budapeste (Hungria) e Bucareste (Roménia).