Leggings, a United Airlines e uma típica polémica do Twitter

A United Airlines recusou o embarque a duas raparigas por estarem a usar leggings? Sim. Mas a história não é assim tão simples.

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A United Airlines proíbe o uso de leggings? Não necessariamente. Reuters/LOUIS NASTRO

Duas raparigas foram este domingo impedidas de embarcar num voo da United Airlines no aeroporto de Denver, nos EUA, por estarem a usar leggings. O incidente foi denunciado nas redes sociais por uma testemunha que afirmou que o pai de uma das meninas, que vestia calções, foi autorizado a embarcar no voo que tinha como destino Minneapolis. O caso tornou-se num dos assuntos do dia no Twitter.

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Duas raparigas foram este domingo impedidas de embarcar num voo da United Airlines no aeroporto de Denver, nos EUA, por estarem a usar leggings. O incidente foi denunciado nas redes sociais por uma testemunha que afirmou que o pai de uma das meninas, que vestia calções, foi autorizado a embarcar no voo que tinha como destino Minneapolis. O caso tornou-se num dos assuntos do dia no Twitter.

Shannon Watts, activista do grupo pelo controlo das armas Moms Demand Action, relatou naquela rede social que ouviu uma funcionária da companhia aérea explicar às raparigas que não poderiam entrar no avião vestindo leggings. Uma outra menina só pôde embarcar depois de colocar um vestido.

“Desde quando a United controla a roupa das mulheres?”, questionou Watts no Twitter.

Numa resposta enviada ao jornal norte-americano Washington Post, a activista afirma que considera o regulamento “arbitrário e sexista”. “Discrimina as mulheres devido à sua roupa e sexualiza as raparigas”, lamenta.

“Gostaria que percebessem que, nos dias que correm, leggings já fazem parte do guarda-roupa na América. Não é inapropriado nem sexual”, afirmou ao jornal New York Daily News.

A fúria das redes sociais espalhou-se como um rastilho, chegando mesmo à actriz Patricia Arquette, que colocou várias questões à United Airlines através do Twitter. 

“O mais alto padrão de qualquer cultura, empresarial ou outra, é permitir às crianças serem crianças e vestirem roupas para a sua idade”, escreveu a actriz durante a troca de mensagens.

As explicações da United

A companhia aérea, acusada de gerir a crise nas redes sociais com pouco tacto (limitando-se num primeiro momento a dizer que era direito seu recusar o embarque a um passageiro), veio entretanto explicar que as duas raparigas não eram passageiras comuns. Seriam familiares de funcionários da United, viajando com desconto, e por isso estariam sujeitas ao código de indumentária da empresa. As regras, frisam, não são necessariamente as mesmas para os passageiros regulares que adquirem um bilhete normal.

De acordo com o porta-voz Jonathan Guerin, citado pelo Star Tribune de Minneapolis, o regulamento para as viagens com descontos para funcionários e familiares proíbe especificamente o uso de leggings, acrescentando que as passageiras “não estavam vestidas de acordo com o código previsto no regulamento” para viagens no âmbito deste programa de benefícios.

A companhia justifica ainda a diferença nas regras com o facto dos seus funcionários e respectivos familiares estarem "a representar a United quando estão a viajar”.

“Os passageiros regulares não vão ser impedidos de embarcar por estarem a usar leggings ou calças de yoga, mas as pessoas que voam com estes benefícios têm que seguir algumas regras, e esta é uma delas”, afirmou o porta-voz, citado também pelo Washington Post.