Antigo polícia recrutou jovens para o Daesh em Portugal

Cidadão marroquino foi detido na Alemanha e entregue às autoridades portuguesas. Tinha estatuto de refugiado e viveu em Aveiro com outro homem detido em França em 2016 com outros suspeitos jihadistas.

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O suspeito ficou em prisão preventiva por ordem do juiz Carlos Alexandre Fabio Augusto

O homem suspeito de terrorismo que foi esta quinta-feira entregue às autoridades portuguesas e colocado em prisão preventiva por ordem do juiz Carlos Alexandre é um antigo agente da polícia de Marrocos que chegou a Portugal em 2014, vindo de outro país africano com estatuto de refugiado. Ter-se-á envolvido com o Daesh e terá recrutado por cá alguns jovens estrangeiros que se radicalizaram e se juntaram à organização internacional terrorista, confirmou o PÚBLICO junto de fonte policial.

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O homem suspeito de terrorismo que foi esta quinta-feira entregue às autoridades portuguesas e colocado em prisão preventiva por ordem do juiz Carlos Alexandre é um antigo agente da polícia de Marrocos que chegou a Portugal em 2014, vindo de outro país africano com estatuto de refugiado. Ter-se-á envolvido com o Daesh e terá recrutado por cá alguns jovens estrangeiros que se radicalizaram e se juntaram à organização internacional terrorista, confirmou o PÚBLICO junto de fonte policial.

Abdessalam Tazi, que esteve vários anos na polícia marroquina, é também suspeito em Portugal de várias burlas e fraudes bancárias através das quais conseguia verbas usadas para financiar actividades terroristas ligadas ao Daesh. Num comunicado enviado na tarde desta quinta-feira, a Procuradoria-Geral da República confirmou que o homem é suspeito de “crimes de adesão e apoio a organização terrorista internacional e recrutamento e financiamento ao terrorismo”.

O suspeito, de 63 anos, chegou a viver em Aveiro com Hicham el Hanafi, o jovem de 26 anos ao qual Portugal também concedeu asilo político e que acabou detido em França, em Novembro de 2016. Hanafi foi detido com outros seis suspeitos jihadistas, de nacionalidade francesa e afegã, durante uma operação levada a cabo em Estrasburgo e Marselha.

As autoridades francesas não revelaram então qual seria o local escolhido para um potencial atentado. Mas esta acção policial em França aconteceu a cinco dias da abertura do mercado de Natal de Estrasburgo, um ponto de encontro para muitos franceses e turistas europeus.

Membros da mesma célula terrorista

Para a investigação portuguesa, Abdessalam Tazi e Hanafi trabalhavam em equipa, sendo membros da mesma célula terrorista. Aliás, em comunicado, a Polícia Judiciária confirmou esta quinta-feira que a detenção ocorreu no âmbito de uma investigação “no decurso da qual foram colhidos indícios que ligam dois homens, de nacionalidade estrangeira, ao terrorismo internacional". Chegaram a Portugal na mesma altura e desde 2015 que estavam a ser investigados. Foi, porém, mais demorada a recolha de provas quanto a Abdessalam Tazi e a descoberta da sua localização.

Ainda em 2014, pouco depois de chegar ao Centro de Instalação Temporária do aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, inspectores do Serviço de Estrangeiros e Fonteiras reportaram à Judiciária movimentações estranhas deste antigo polícia. Terá vivido entre Portugal e outros países, sendo várias as viagens que os investigadores rastrearam. Por cá, foi ficando sempre alguns meses de cada vez que voltava. Na Alemanha, foi detido no Verão de 2016 e cumpriu pena de prisão por crimes económicos. A sua extradição, na sequência de um mandado de detenção internacional emitido pelo Ministério Público português, só aconteceu agora porque esteve a aguardar a sua saída da prisão.

A investigação deste caso está a cargo da Unidade Nacional contra Terrorismo da Polícia Judiciária e o inquérito-crime está a ser desenvolvido no Departamento Central de Investigação e Acção Penal.

O interrogatório de Abdessalam Tazi terminou já de noite no Tribunal Central de Instrução Criminal, altura em que a PGR informou através de comunicado que o marroquino ficou em prisão preventiva, a mais gravosa das medidas de coacção. Será nesta condição que ficará a aguardar os futuros desenvolvimento da investigação.

O último Relatório Anual de Segurança Interna, relativo a 2015 mas divulgado em 2016, dava conta de que existiam então oito investigações em curso nas quais estavam em causa suspeitas de terrorismo.