Daesh cria marionetas terroristas telecomandadas
As vitórias militares sobre o grupo jihadista no Médio Oriente criam novos riscos.
À medida que o Daesh perde território no Iraque e na Síria, a ameaça terrorista na Europa, nos Estados Unidos e noutros locais tende a tornar-se mais presente. Mas, em vez de grandes atentados, é de esperar antes a proliferação de atentados praticados pelo que parecem ser “lobos solitários”. Parecem, porque na verdade podem estar a ser telecomandados por um terrorista através da Internet.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
À medida que o Daesh perde território no Iraque e na Síria, a ameaça terrorista na Europa, nos Estados Unidos e noutros locais tende a tornar-se mais presente. Mas, em vez de grandes atentados, é de esperar antes a proliferação de atentados praticados pelo que parecem ser “lobos solitários”. Parecem, porque na verdade podem estar a ser telecomandados por um terrorista através da Internet.
"À medida que o território controlado pelo Daesh diminuiu e os líderes são mortos pelos ataques dos EUA, o grupo vai depender cada vez mais dos seus ‘planeadores virtuais’ – membros que operam nos espaços mais recônditos da Internet – para inspirar e coordenar ataques no estrangeiro”, escreveu em Setembro passado na revista Foreign Affairs a analista Bridget Moreng, da firma de consultoria Valens Global.
O Daesh tem todo um departamento de propaganda nas redes sociais que tem como objectivo conversar com almas inquietas no Ocidente. O objectivo já não é convencê-los a viajar para a Síria e para o Iraque, como numa peregrinação espiritual, como antes, mas a fazer a guerra santa na sua própria cidade, descreve a jornalista do New York Times Rukmini Callimachi, que se especializa na vigilância constante da actividade destes jihadistas nas redes sociais.
Através de aplicações e sistemas operativos que permitem estabelecer comunicações encriptadas, conversam com jovens (sobretudo) em países como a França, o Canadá, os EUA, o Reino Unido, a Alemanha, a Índia, o Bangladesh. Sugerem-lhes agir no momento, ali e agora. Chegam ao ponto de fornecer armas. Muitas vezes não funciona, noutras funcionou.
Foi na Primavera de 2015 que pela primeira vez foram detectados estes ataques telecomandados na Europa, quando um estudante de tecnologias de informação de 23 anos tentou disparar armas de fogo numa igreja em Villejuif, um subúrbio de Paris, relata o New York Times. Na mala do carro, havia um computador portátil em que a polícia encontrou uma série de mensagens que provavam que estava a ser guiado por dois franceses que tinham ido para Síria para se juntarem ao Daesh, e que lhe tinham fornecido as armas e a viatura de fuga através dos seus contactos em França.
O adolescente que no Verão de 2016 usou um machado para atacar passageiros num comboio na Alemanha estava também a ser telecomandado através da Internet. O seu controlador tinha-o incentivado a usar um carro, dizendo que “os danos seriam muito maiores”, segundo uma transcrição obtida por um jornal alemão. Mas ele não sabia conduzir.
Algo de semelhante aconteceu com os dois homens que cortaram a garganta a um padre de 85 anos no Norte de França – e que nem sequer se conheciam. O seu encontrou foi organizado pelo homem que os controlava à distância.
Transformar europeus susceptíveis em marionetas terroristas controladas à distância é um dos mais assustadores pesadelos criados pelo Daesh.