Imagem GIF é considerada arma mortal por um júri nos EUA
Um ex-militar foi acusado de utilizar uma imagem animada numa mensagem do Twitter para provocar um ataque epiléptico a um jornalista.
Um GIF animado pode ser utilizado como uma arma mortal, segundo um júri de Dallas, no estado norte-americano do Texas. A informação vem com a acusação do tribunal a um homem que, em Dezembro do ano passado, terá provocado um ataque epiléptico a um jornalista da revista Newsweek ao enviar-lhe imagem animada numa mensagem do Twitter.
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Um GIF animado pode ser utilizado como uma arma mortal, segundo um júri de Dallas, no estado norte-americano do Texas. A informação vem com a acusação do tribunal a um homem que, em Dezembro do ano passado, terá provocado um ataque epiléptico a um jornalista da revista Newsweek ao enviar-lhe imagem animada numa mensagem do Twitter.
“[O réu] intencionalmente, propositadamente e imprudentemente causou danos físicos [ao jornalista] Kurt Eichenwald, uma pessoa com uma deficiência [diagnóstico de epilepsia]” lê-se no documento do tribunal, disponibilizada online por Eichenwald. O juri considerou o réu, John Rivello, 29 anos, um veterano dos marines americanos, culpado, uma vez que este sabia “que o queixoso era susceptível a convulsões e que animações do género [GIFs animados] podem induzir este tipo de ataques”.
O jornalista, que falava publicamente sobre a sua epilepsia, terá sido atacado devido às suas críticas frequentes via Twitter às políticas do Presidente dos EUA, Donald Trump. Embora a conta do Twitter por detrás do ataque (o GIF foi acompanhado pelo texto "mereces um ataque por causa da tua publicação”) operasse através do pseudónimo @jew_goldstein, o tribunal de Dallas levou a rede social a revelar a identidade e o registo de actividade do agressor. Isto permitiu que o FBI conseguisse encontrar Rivello através do seu iPhone.
This is the county assault indictment against the guy who caused me to have a seizure by tweeting a strobe at me. https://t.co/Oo839cvvK6
— Kurt Eichenwald (@kurteichenwald) March 20, 2017
Agora, a arma do crime surge descrita como a combinação resultante de um tweet com uma imagem animada enviada por um dispositivo electrónico: “[O réu] utilizou e exibiu uma arma mortal, a saber: um tweet, e uma imagem em graphics interchange format (GIF), e um dispositivo electrónico, e as mãos, durante o ataque.”
Segundo a queixa original contra Rivello, acessível no site do Departamento de Justiça dos EUA, outras mensagens na conta do reú (entretanto suspensa) eram também agressivas: “enviei-lhe [a Eichenwald] isto em spam para ver se morre” e “espero que isto lhe cause um ataque”. O motivo do crime, segundo o júri, terá sido o preconceito de Rivello relativamente a Eichenwald, que tem ascendência judia.
Os advogados de Rivello divulgaram uma declaração, na terça-feira, onde dizem que o seu cliente terá pedido desculpas de imediado pelo incidente. "Ele está a procurar ajuda junto do Departamento dos Assuntos dos Veteranos nos EUA," lê-se na declaração, citada no site do jornal Dallas Morning News. "Estamos orgulhosos de defender este homem que deu tanto pelo seu pais".
Embora seja a primeira vez que uma imagem GIF é descrita como arma mortal, não é o primeiro ataque do género. Em 2008, o site da Fundação de Epilepsia norte-americana terá sido atacado por piratas informáticos que colocaram centenas de imagens em movimento no site para causar ataques aos visitantes. Porém, a actual directora cientifica da fundação, Jacqueline French, explicou ao Washington Post que, embora a epilepsia seja comum, poucos têm ataques provocados por luzes a piscar (ou, neste caso, GIFs animados). Era o caso de Rivello.
Após o ataque de Dezembro, Eichenwald terá explicado que apresentou queixa "para que aqueles que acreditam que podem fazer tudo na Internet, incluindo causar lesões médicas graves aos outros, a cobro do anonimato, aprendam que não escapam à Justiça".
Actualmente, a Organização Mundial de Saúde estima que cerca de 50 milhões de pessoas sofram de epilepsia em todo o mundo, descrevendo-a como uma das doenças neurológicas mais comuns. É definida como “ter duas ou mais convulsões recorrentes e involuntárias.”