Rio corre discretamente o país a pensar na liderança do PSD
Ex-presidente da câmara do Porto continua a ser convidado para participar em conferências e em iniciativas do partido.
Os convites ao ex-presidente da Câmara do Porto de universidades, associações comerciais e industriais para participar em conferências e outras iniciativas organizadas pela sociedade civil aumentaram a partir do momento em que Rui Rio declarou estar disponível para disputar eleições directas para a liderança do PSD em 2018.
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Os convites ao ex-presidente da Câmara do Porto de universidades, associações comerciais e industriais para participar em conferências e outras iniciativas organizadas pela sociedade civil aumentaram a partir do momento em que Rui Rio declarou estar disponível para disputar eleições directas para a liderança do PSD em 2018.
Desejado por uns, contestado por outros, o ex-presidente da Câmara do Porto admitiu pela primeira vez, em Novembro, em entrevista ao Diário de Notícias, avançar para a liderança do PSD e, a partir daí, os convites sucedem-se e as salas enchem-se para o ouvir.
Guarda, Anadia, Castelo de Paiva, Barcelos, Coimbra, Faro, Almada, Braga, são alguns dos locais por onde tem passado. Ontem à noite, esteve em Braga, a convite da Associação Comercial para falar sobre Portugal: Os desafios políticos e económicos. Mas Rio marca também presença em almoços e jantares organizados pelo partido, onde até estão líderes distritais. Em Dezembro, o ex-presidente da câmara de Oliveira de Azeméis, Hermínio Loureiro, chegou a dar um conselho ao líder do partido, via Facebook: “Peço que tenhas os olhos bem abertos com as raposas que tens no galinheiro”.
Curiosamente, há cerca de um mês, num jantar-conferência promovido pela JSD de Almada em que Rui Rio foi o convidado, houve quem cancelasse à última da hora a inscrição e foi notória a ausência dos principais dirigentes.
A leitura que se fez na altura foi que houve uma tentativa de boicotar a iniciativa. David Cristóvão, líder da JSD de Almada, apressou-se a recusar essa leitura, dizendo não acreditar que alguém queira limitar o debate interno e, no discurso que proferiu, não deixou de se referir às ausências que estranhou, deixando um elogio de viva voz a Rui Rio: ”A consideração que temos por si aqui em Almada, na JSD, é crescente e contínua”.
“Cheira a final de ciclo. Sente-se no partido que está tudo à espera da hecatombe nas eleições autárquicas e do senhor que se segue”, declarou ao PÚBLICO um dirigente social-democrata, afirmando que o antecessor de Rui Moreira na Câmara do Porto “é desejado de Norte a Sul e o tempo dele é a seguir às autárquicas”. O dirigente, que solicitou o anonimato, entende que “o partido o que quer é chegar ao poder e apoiará o candidato que tiver melhor condições para ganhar”.
O dirigente da distrital Alberto Machado, que preside à Junta de Freguesia de Paranhos, olha para Rui Rio como “uma boa hipótese para a presidir ao partido”. Afirma que Rio tem vindo a ser falado nos diferentes sectores do PSD para disputar a liderança”, mas salvaguarda que a questão só se deve colocar daqui a um ano. "Pedro Passos Coelho foi eleito pelos militantes para dois anos que incluem as autárquicas e estas eleições não são um teste à sua liderança, porque não vai a votos, mas sim aos autarcas do PSD”.
Segundo Alberto Machado, Passos deve ficar até ao final do mandato, mas, “se por acaso o PSD tiver uma hecatombe nas autárquicas, naturalmente o presidente tem de reflectir sobre a sua liderança e tomar uma decisão em consonância com o que é melhor para o partido”.
Considerado próximo de Rui Rio, o presidente da distrital do PSD de Aveiro, Salvador Malheiro, evita fazer comentários sobre questões que extravasam as autárquicas. “O foco é aí, porque temos muitas câmaras para ganhar”, afirma, em declarações ao PÚBLICO, atirando para o próximo ano o debate sobre a sucessão de Passos Coelho - um tema que divide o partido.
“O ex-presidente da Câmara do Porto sinalizou uma posição em Novembro, que é clara, e agora está a aguardar a evolução dos acontecimentos”, comenta ainda Salvador Malheiro, acrescentando: “Sou solidário com a estratégia nacional decidida por Passos Coelho”.