Família Trudeau gasta 1200 euros em comida e bebida num voo para as Bahamas
Comissão de Ética do Parlamento do Canadá está a investigar o caso. Partido Liberal diz que a polémica é pura demagogia, oposição conservadora quer saber "o que diabo comeu o primeiro-ministro naquele voo".
Já se sabia que o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, passou as férias de Natal numa ilha privada nas Bahamas, propriedade do Aga Khan, líder da comunidade ismailita. Mas o custo dessa viagem só agora foi revelado, porque a Comissão de Ética da Câmara dos Comuns começou a investigar o caso: 88 mil euros, incluindo 1200 euros em comida e bebida a bordo do avião.
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Já se sabia que o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, passou as férias de Natal numa ilha privada nas Bahamas, propriedade do Aga Khan, líder da comunidade ismailita. Mas o custo dessa viagem só agora foi revelado, porque a Comissão de Ética da Câmara dos Comuns começou a investigar o caso: 88 mil euros, incluindo 1200 euros em comida e bebida a bordo do avião.
O custo da viagem foi o tema de discussão de terça-feira na Câmara dos Comuns do Canadá, com a oposição conservadora a acusar Justin Trudeau de se servir do dinheiro dos contribuintes – uma reacção normal e semelhante à que alguns liberais tiveram quando o anterior primeiro-ministro, Stephen Harper, fez as suas viagens privadas.
Segundo os conservadores, o que está em causa não é o direito de Justin Trudeau a passar férias, mas sim alguns dos custos da viagem de Natal, que consideram ir contra a imagem pública que o primeiro-ministro projecta. Trudeau é conhecido pela sua política de abertura aos refugiados, em contraste com os Estados Unidos após a eleição de Donald Trump, e é retratado regularmente nos media como uma estrela pop.
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Ao todo, a viagem custou aos contribuintes mais de 127 mil dólares canadianos (88 mil euros), mas grande parte desse valor dificilmente será alvo de críticas pela Comissão de Ética – como primeiro-ministro, Justin Trudeau tem de fazer todas as suas deslocações num avião pago pelo Estado, tanto as oficiais como as privadas; e tem de ser acompanhado por um corpo de seguranças que também tem de dormir e comer.
Com a viagem a bordo de um CC-144 Challenger do Governo e estadia para a família, amigos, funcionários e seguranças Trudeau gastou 104 mil dólares canadianos (72 mil euros). A maioria do restante foi para a diária de um guia e para os custos relacionados com transportes na ilha.
Mas o que incomodou mais os conservadores foi a conta de 1720 dólares canadianos (ou 1200 euros) em comida e bebida a bordo do avião – a família Trudeau levou consigo o amigo e deputado Seamus O'Regan e o seu marido, Steve Doussis; e a presidente do Partido Liberal, Anna Gainey, e o marido, Tom Pitfield.
"Muitas famílias canadianas viajam de avião numa ocasião especial uma vez por ano. Nesses voos, costumam comprar uma sandes, talvez uma Coca-Cola e um pacote de batatas fritas. Não é fantástico, mas é razoável. O que não é razoável é gastar mais de 1700 dólares [canadianos] em comida e bebida num voo de três horas entre o Canadá e as Bahamas, que é quanto foi cobrado aos contribuintes pelo primeiro-ministro para chegar às suas férias numa ilha privada", queixou-se o deputado conservador Blaine Calkins, antes de deixar uma pergunta em tom de provocação: "A minha pergunta é o que diabo comeu o primeiro-ministro naquele voo?"
O Partido Liberal considera que esta polémica é apenas demagogia e populismo, e lembra que foi com a chegada ao Governo de Justin Trudeau que o Canadá passou a ter regras definidas para as viagens privadas dos primeiros-ministros.
Quando a polémica estalou, em Janeiro, Justin Trudeau disse que o príncipe Aga Khan é um velho amigo da família. O primeiro-ministro do Canadá também reembolsou o Estado em 4895 dólares canadianos (3404 euros) – o custo estimado de uma viagem para a sua família num avião comercial.