Jane Austen inventou o seu próprio casamento. Duas vezes
Autora britânica forjou registos na paróquia de que o pai era responsável ainda durante a adolescência. Em 2017 passam 200 anos sobre a sua morte.
O casamento de Elizabeth Bennet com Fitzwilliam Darcy, nas páginas de Orgulho de Preconceito (1813), não terá sido o primeiro casamento criado por Jane Austen. Dois documentos que a serem divulgados pelo Arquivo de Hampshire, o condado onde nasceu a autora britânica mostram que, ainda adolescente, Austen forjou o seu próprio casamento — por duas vezes.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O casamento de Elizabeth Bennet com Fitzwilliam Darcy, nas páginas de Orgulho de Preconceito (1813), não terá sido o primeiro casamento criado por Jane Austen. Dois documentos que a serem divulgados pelo Arquivo de Hampshire, o condado onde nasceu a autora britânica mostram que, ainda adolescente, Austen forjou o seu próprio casamento — por duas vezes.
O Arquivo de Hampshire anunciou ter na sua posse os registos de casamento de 1755 a 1812 de Steventon, a localidade onde nasceu Jane Austen, no sudoeste do Reino Unido. O seu pai era padre anglicano e reitor da paróquia, motivo pelo qual a escritora – que os biógrafos acreditam que nunca casou – teve acesso ao livro de assentamentos.
Os dois registos encontrados estão escritos à mão, presumivelmente pela própria Jane Austen, sobre páginas de uma espécie de formulário de casamento previamente impresso. O primeiro desses documentos diz respeito à suposta boda entre Jane Austen e Henry Fitzwilliam de Londres. O segundo refere o casamento com Edmund Mortimer de Liverpool. Os investigadores não conseguem precisar se Fitzwilliam ou Mortimer eram, de facto, pessoas reais, ou personagens também saídas da imaginação da escritora.
Os especialistas acreditam que Austen seria ainda uma adolescente no momento em que forjou estes dois registos de casamento, revelando “uma faceta perniciosa durante os seus anos de juventude”, valoriza o porta-voz para a cultura do condado de Hampshire, Andrew Gibson, citado pela agência AFP. “Este documento singular revela um outro lado do carácter de Jane Austen”, acrescenta.
Os registos agora resgatados pelo Arquivo de Hampshire vão ser expostos ao público em Maio no Winchester Discovery Center integrados na exposição A Misteriosa Menina Austen, que assinala os 200 anos da morte da autora. Os documentos à guarda da mesma instituição e que também serão mostrados na ocasião incluem ainda o registo de baptismo de Austen, em 1775, escrito pelo seu próprio pai, e o registo do seu funeral, na Catedral de Winchester.
A autora de Orgulho e Preconceito e Sensibilidade e Bom Senso, entre outras obras, morreu em 1817, aos 41 anos. O bicentenário dessa data, que se cumprem a 18 de Julho, serão comemorados publicamente por todo o Reino Unido.