Ministério da Agricultura diz que não há indícios de perigo na carne brasileira

Não vai haver uma retirada do mercado. Director-geral de Alimentação e Veterinária garante reforço na fiscalização por parte da ASAE.

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Autoridades brasileiras estão a anlizar a carne à venda no país Reuters/RICARDO MORAES

O director-geral de Alimentação e Veterinária do Ministério da Agricultura afirmou nesta terça-feira não haver indícios de perigo para a saúde relacionados com a carne importada do Brasil, mas disse que os produtos em armazém serão objecto de um controlo reforçado por parte da ASAE.

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O director-geral de Alimentação e Veterinária do Ministério da Agricultura afirmou nesta terça-feira não haver indícios de perigo para a saúde relacionados com a carne importada do Brasil, mas disse que os produtos em armazém serão objecto de um controlo reforçado por parte da ASAE.

“Todos os produtos que entraram em Portugal apresentavam características absolutamente normais, portanto não há necessidade alguma de desencadear uma acção para os retirar do mercado”, afirmou Fernando Bernardo aos jornalistas.

Do Brasil, vem apenas 3,7% do total das carnes que Portugal importa, referiu. “Não vamos tomar nenhuma medida no sentido de proibir a importação de carne do Brasil”, esclareceu, indicando que as quatro empresas autorizadas a exportar para a Europa identificadas num caso de fraude já estão “bloqueadas”.

“A exposição dos portugueses a qualquer eventual risco que pudesse existir nestes produtos é extremamente baixa”, garantiu.

O responsável falava durante encontro com jornalistas, em Lisboa, na sequência de um caso que envolve 21 estabelecimentos de produção de carne implicados numa fraude com origem no Brasil.

O PÚBLICO revelou nesta terça-feira que Portugal importou de forma directa, em 2016, 524.519 quilos de carne do Brasil, equivalentes a 3,44 milhões de euros, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) – 2,29 milhões de euros (equivalente a 284.812 quilos) de carne de bovino congelada, a que se soma 1,02 milhões de euros (284.812 quilos) de carne fresca ou refrigerada de vaca e 85,1 mil euros de carne fresca, refrigerada ou congelada de aves (52.008 quilos).

Há seis anos, as importações directas de Portugal de carne bovina e de aves eram de 8,88 milhões de euros em valor e de 2.360.170 quilos. Portugal, segundo o INE, não importou de forma directa, entre 2010 e 2016, outro tipo de carnes daquele país, nomeadamente de suíno.

A carne importada por Portugal ao Brasil é distribuída no canal alimentar – na rede de super e hipermercados – mas entra também na rede Horeca (hotéis, restaurante e cafés) presentes no país. Quem o diz é a BRF, uma das empresas identificada na investigação da polícia brasileira, que detectou casos de fraude, adulteração de produtos e validades e alegado suborno de inspectores sanitários no Brasil.

A BRF, que será alegamente uma das envolvidas e que já veio refutar as suspeitas de corrupção e de qualidade inapropriada dos seus produtos, menciona Portugal no seu relatório e contas de 2015 como um dos países em que fornece a área de “food service” (mercado de alimentação fora do lar), com a marca Sadia.

Segundo o director-geral, este é “um problema interno do Brasil”. Apenas quatro daqueles estabelecimentos estavam autorizados a exportar para a União Europeia, frisou. “Não há motivo nenhum para as pessoas se sentirem preocupadas”, afirma.

A pequena quantidade de carne que entrou em Portugal, segundo a mesma fonte, foi controlada à entrada no mercado europeu e encontrava-se em condições satisfatórias.

“A carne em que foi detectado o uso de substâncias ilícitas, na maior parte, não veio para a Europa, foi para países asiáticos e para o Médio Oriente”, acrescentou.

A Comissão Europeia decidiu entretanto que os estados-membros devem reforçar o controlo da carne importada do Brasil, o que em Portugal será feito pela Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE).