EUA e Reino Unido limitam tablets e portáteis em voos de oito países muçulmanos
Serviços secretos acreditam que grupos terroristas têm formas mais sofisticadas de esconder engenhos explosivos em aparelhos electrónicos.
Os passageiros que embarquem para os Estados Unidos e Reino Unido a partir de aeroportos em dez países de maioria muçulmana vão ser proibidos de entrar na cabina com tablets e outros aparelhos de maiores dimensões, como leitores de livros electrónicos, computadores portáteis e consolas de videojogos.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Os passageiros que embarquem para os Estados Unidos e Reino Unido a partir de aeroportos em dez países de maioria muçulmana vão ser proibidos de entrar na cabina com tablets e outros aparelhos de maiores dimensões, como leitores de livros electrónicos, computadores portáteis e consolas de videojogos.
A decisão norte-americana foi tomada por indicação das agências dos serviços secretos e vai entrar em vigor no próximo domingo de manhã – numa comunicação feita por agentes do Departamento de Segurança Interna a jornalistas norte-americanos na noite de segunda-feira não foi avançada nenhuma data para que a nova medida seja revertida. A proibição vai aplicar-se também aos passageiros que embarquem em voos dos Estados Unidos para oito países.
Na tarde desta terça-feira o Reino Unido anunciou que vai também adoptar a mesma medida, que afectará menos países: os Estados Unidos vão aplicar as novas regras na Arábia Saudita, Egipto, Emirados Árabes Unidos, Jordânia, Kuwait, Marrocos, Qatar e Turquia; e a decisão do Reino Unido afecta Arábia Saudita, Egipto, Jordânia, Líbano, Tunísia e Turquia.
A interdição vai aplicar-se ao transporte na cabina, mas os passageiros poderão viajar com aparelhos electrónicos de comunicação na bagagem de porão, que tem de passar pelo check-in. De fora desta proibição ficam os smartphones e material eléctronico médico – a proibição está relacionada com a possibilidade de se transformar um aparelho de comunicações moderno numa bomba.
Lista dos aparelhos proibidos (exemplos fornecidos pelo Departamento de Segurança Interna):
– Computadores portáteis
– Tablets
– Leitores de livros electrónicos
– Câmaras fotográficas e de filmar
– Leitores de DVD portáteis
– Consolas de jogos maiores do que um smartphone
– Impressoras e scanners
A forma como a medida foi anunciada nos Estados Unidos pode provocar alguma confusão, já que não foram indicadas as dimensões dos aparelhos electrónicos que passam a ser proibidos na cabina. O documento refere-se a aparelhos maiores do que um smartphone, mas não é claro se vai abranger também os smartphones de maiores dimensões, como o iPhone 7 Plus, o Samsung Galaxy S7 Edge ou o Google Pixel XL – considerados phablets, ou um cruzamento entre um telefone e um tablet devido às suas dimensões.
Outro exemplo que pode causar confusão é a dimensão dos leitores de livros electrónicos: há muitos modelos mais pequenos do que os maiores smartphones, mas segundo os exemplos avançados pelo Departamento de Segurança Interna não poderão ser levados para a cabina.
O Reino Unido foi mais específico e anunciou que estão proibidos todos os smartphones com dimensões superiores a 16cmx9,3cmx1,5cm – maiores do que os tradicionais phablets.
O desenvolvimento de engenhos explosivos mais sofisticados está a ser acompanhado há alguns anos, e em 2014 os Estados Unidos decidiram reforçar o controlo dos passageiros nos aeroportos de vários países do Médio Oriente. Há três anos, os serviços secretos acreditavam que ainda não era tecnicamente possível colocar um engenho explosivo em aparelhos electrónicos de maiores dimensões sem que isso fosse detectado nos postos de controlo, mas agora dizem ter informações de que um grupo terrorista com base na Síria terá conseguido aperfeiçoar essa técnica.
"O Governo dos Estados Unidos está preocupado com o interesse demonstrado por terroristas nos últimos dois anos em atingir a aviação comercial, incluindo pontos centrais de transportes, tal como indica a queda de um avião no Egipto em 2015, a tentativa de provocar a queda de um avião na Somália em 2016 e os ataques armados de 2016 em Bruxelas e em Istambul. A informação de que dispomos indica que grupos terroristas continuam a ter como alvo a aviação comercial, incluindo a tentativa de fazer entrar a bordo engenhos explosivos em vários aparelhos electrónicos", avança em comunicado o Departamento de Segurança Interna norte-americano.
Aeroportos afectados:
– Arábia Saudita (Aeroporto Internacional Rei Abudaliz e Aeroporto Internacional Rei Khalid)
– Egipto (Aeroporto Internacional do Cairo)
– Emirados Árabes Unidos (Aeroporto Internacional de Abu Dhabi e Aeroporto Internacional do Dubai)
– Jordânia (Aeroporto Internacional Rainha Alia)
– Kuwait (Aeroporto Internacional do Kuwait)
– Marrocos (Aeroporto Internacional Mohammed V)
– Qatar (Aeroporto Internacional Hamad)
– Turquia (Aeroporto de Istambul Atatürk)
Ao contrário do decreto presidencial que Donald Trump tem tentado fazer passar com vista à proibição da entrada de cidadãos de oito países de maioria muçulmana, a decisão anunciada nas últimas horas visa países com quem os Estados Unidos têm boas relações. É uma medida que pode ser recebida com muita contestação, já que os executivos de grandes empresas com sede ou escritórios em países do Golfo Pérsico não poderão usar os seus tablets e computadores para trabalharem durante as longas viagens entre esses países e os Estados Unidos, por exemplo.