Roman Polanski tenta regressar aos Estados Unidos

Realizador polaco pede esta semana ao Tribunal de Los Angeles acordo que lhe permita libertar-se do antigo caso de violação. Catherine Deneuve defende-o em França.

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Esta pode ser uma semana determinante para o desfecho do mediático e já longo caso judicial que desde há quase décadas vem perseguindo o quotidiano de Roman Polanski.

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Esta pode ser uma semana determinante para o desfecho do mediático e já longo caso judicial que desde há quase décadas vem perseguindo o quotidiano de Roman Polanski.

Em meados de Fevereiro, o realizador de O Pianista (2002) tornou pública a intenção de voltar aos Estados Unidos, para enfrentar de novo a justiça e assim pôr cobro ao processo que sobre ele impende neste país, acusado de violação de uma rapariga menor, de 13 anos, em 1977. Mas exigiu a garantia de não ser preso, para encetar a viagem.

Segundo a agência Reuters, o Tribunal Superior de Los Angeles, através da procuradora Jackie Lacey, acusou Polanski de, “uma vez mais, estar a tentar ditar os termos do seu regresso [aos Estados Unidos], sem correr riscos”. “Ele quer respostas. Mas só aparecerá se gostar delas”, disse a advogada. "Mas não haverá discussão a respeito do que acontecerá até que o Sr. Polanski regresse", acrescentou Lacey.

O realizador polaco, através do seu advogado Harland Braun, vai pedir no início desta semana autorização para se deslocar livremente nos Estados Unidos, sem correr riscos de detenção. Nomeadamente, comunicou que gostaria de poder visitar o túmulo da sua mulher, a modelo e actriz Sharon Tate, que em 1969, com apenas 26 anos, foi brutalmente assassinada pelo bando de Charles Manson.

Harland Braun irá lembrar ao Tribunal de Los Angeles que Polanski, agora com 83 anos, já cumpriu uma pena de prisão de 42 dias na Califórnia em 1977, depois de ter admitido a relação com a jovem Samantha Gailey Geimer, numa casa que pertencia ao actor Jack Nicholson (que três anos antes tinha protagonizado Chinatown com o realizador).

Recorde-se que nessa altura, com medo de que o processo voltasse a ser reaberto, Polanski saiu apressadamente dos Estados Unidos, não tendo mais voltado.

Há quase uma década atrás, o caso Polanski foi reaberto pela Justiça norte-americana, que enviou pedidos de prisão e extradição do realizador a vários países da Europa. Em resposta, tanto a Suíça como, mais recentemente, a Polónia, recusaram a extradição. O advogado de Polanski defende agora que o tribunal de Los Angeles deveria aceitar a decisão do seu congénere polaco, e avançar para um novo acordo amigável, que permitisse ao cineasta regressar aos Estados Unidos.

Entretanto, o caso Polanski continua também a ser seguido na Europa, nomeadamente em França. Este domingo, numa declaração no Instagram, a actriz e mulher do realizador, Emmanuelle Seigner (Vénus de Vison, A Nona Porta), elogiou a atitude da sua colega de ecrãs e de palcos, Catherine Deneuve, que na semana passada se desmultiplicou em defesa do realizador. Uma “star” e "um ícone da beleza”, foi como Seigner se referiu à actriz que teve em Polanski um dos seus primeiros realizadores, no filme Repulsa (1965).

Na sucessão de entrevistas e aparições públicas a pretexto do lançamento do seu novo filme, Sage Fame, de Martin Provost – que se estreia esta semana em França –, Deneuve lamentou o episódio e a iniciativa de organizações feministas francesas que levaram Polanski a declinar o convite para presidir à cerimónia de entrega dos Césares, os prémios da indústria francesa do cinema, no final de Fevereiro.

“Sempre achei que o termo ‘violação’ foi excessivo” no caso Polanski, disse a actriz no programa Quotidien, da televisão TF1, entrevistada por Yann Barthès. E sobre o movimento que levou à ausência do realizador da noite dos Césares, referiu: “Eu adoro as mulheres, mas não estou de acordo com todas as formas de feminismo. É absolutamente abusivo”.