Administração Trump admite possibilidade de acção militar na Coreia do Norte

O secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, diz que se houver uma escalada da ameaça por parte da Coreia do Norte uma acção militar "é uma opção em cima da mesa".

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Rex Tillerson com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul, Yun Byung-se Reuters

Os EUA estão empenhados em aumentar a pressão sobre a Coreia do Norte, sugerindo mesmo que o recurso a uma resposta militar contra o regime não está excluída. Em visita à Coreia do Sul, o secretário de Estado, Rex Tillerson, deu como terminada a "política de paciência estratégica" em relação a Pyongyang.

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Os EUA estão empenhados em aumentar a pressão sobre a Coreia do Norte, sugerindo mesmo que o recurso a uma resposta militar contra o regime não está excluída. Em visita à Coreia do Sul, o secretário de Estado, Rex Tillerson, deu como terminada a "política de paciência estratégica" em relação a Pyongyang.

"Deixem-me ser claro: a política de paciência estratégica acabou. Estamos a explorar um novo leque de medidas diplomáticas e de segurança. Todas as opções estão em cima da mesa. (...) Se eles [Coreia do Norte] elevarem a ameaça com o seu programa de armas a um nível que nós considerarmos que requer uma acção, essa opção está em cima da mesa", disse Rex Tillerson aos jornalistas.

O responsável pelos assuntos externos da Administração de Donald Trump até começa por dizer que "certamente" os dois países – EUA e Coreia do Sul – não querem que as coisas "cheguem a um conflito militar". Mas, acrescentou, se a Coreia do Norte "tomar acções que ameacem as forças da Coreia do Sul ou as forças dos EUA" então "conhecerá uma resposta apropriada".

Na verdade, a inclusão da opção militar para lidar com a Coreia do Norte não é uma novidade em relação às estratégias seguidas pelas últimas Administrações, especialmente desde que o regime de Pyongyang acelerou o desenvolvimento do seu programa nuclear. A política de diálogo entre as duas Coreias, conhecida como "sunshine policy", foi enterrada definitivamente em 2008, depois de o regime ainda liderado por Kim Jong-il ter realizado testes nucleares.

Fora da mesa de negociações, a opção seguida por Seul e Washington tem desde então passado pela aplicação de sanções económicas. Porém, para que as medidas tenham alguma eficácia, o papel da China é crucial. Recentemente, Pequim anunciou que ia deixar de importar carvão da Coreia do Norte, mas os EUA dizem que a China pode fazer mais para pressionar o líder norte-coreano, Kim Jong-un, a abandonar o seu programa nuclear.

Pequim tenta preservar um difícil equilíbrio. O grande objectivo estratégico é impedir qualquer foco de instabilidade na Coreia do Norte, encarado como um "tampão" entre o seu território e o da Coreia do Sul, que considera hostil. Essa instabilidade traduz-se tanto numa potencial intervenção militar para remover o regime como numa crescente agressividade por parte de Kim.

Tillerson chegou esta sexta-feira a Seul depois de uma passagem pelo Japão na quarta-feira e segue depois para a China. A intenção do chefe da diplomacia norte-americana com este périplo pela Ásia é o de encontrar com os aliados uma nova forma de pressionar a Coreia do Norte a terminar com o armamento nuclear. Em causa está o facto de o regime norte-coreano continuar a desenvolver armas nucleares, já tendo realizado vários testes. O último dos quais – o de maior magnitude – aconteceu em Setembro. 

A prioridade de Tillerson na Coreia do Sul, um dos principais aliados dos EUA na região, é assegurar que a instalação do sistema antimíssil norte-americano, conhecido como THAAD, que tem o objectivo de dissuadir potenciais ataques por parte da Coreia do Norte, será concretizada. A medida está longe de gerar consenso no país. Os conservadores, a que pertencia a Presidente destituída, favorecem a instalação do THAAD, mas a ala liberal é muito crítica daquele que considera ser um acto apenas gerador de instabilidade. Se, por um lado, tem o potencial de prejudicar as relações com a China – algo que está já a acontecer – por outro, dizem os liberais, não garante qualquer segurança na eventualidade de um ataque nuclear norte-coreano.

Tillerson avisou ainda a China que a retaliação comercial de Pequim contra a Coreia do Sul por causa do THAAD, que inclui por exemplo a proibição às agências turísticas de organizarem viagens a Seul, é "desnecessária e preocupante".