Ex-administrador do Grupo Lena Joaquim Barroca interrogado no DCIAP
O Ministério Público suspeita que dinheiro proveniente de subornos passava pelas contas bancárias de Joaquim Barroca.
Joaquim Barroca, ex-administrador executivo do Grupo Lena, escusou-se a prestar declarações aos jornalistas à chegada e à saída do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), onde foi interrogado esta quinta-feira no inquérito Operação Marquês.
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Joaquim Barroca, ex-administrador executivo do Grupo Lena, escusou-se a prestar declarações aos jornalistas à chegada e à saída do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), onde foi interrogado esta quinta-feira no inquérito Operação Marquês.
Acompanhado do seu advogado, Castanheira Neves, o arguido entrou nas instalações do DCIAP cerca das 9h30 e saiu por volta das 12h30.
De acordo com as informações ligadas à investigação vindas a público, pelas contas bancárias de Joaquim Barrocas circularam vários milhares de euros com destino às contas do empresário Carlos Santos Silva, que o Ministério Público suspeita ser o "testa de ferro" e o fiel depositário de alegados subornos pagos pelo Grupo Lena ao antigo chefe do governo socialista José Sócrates.
Em causa estará o alegado favorecimento de Sócrates, enquanto primeiro-ministro, de negócios do grupo Lena relacionados com a Parque Escolar e com a venda de casas pré-fabricadas para a Venezuela. Tais factos são negados pelo arguido que está indiciado pelo crime de corrupção activa.
Já no decurso da Operação Marquês, o grupo Lena saiu em defesa de Joaquim Barroca, esclarecendo que Carlos Santos Silva "tem trabalhado com empresas do Grupo Lena desde finais da década de 80, designadamente prestando assessoria técnica e fazendo projectos de obras para Portugal e vários países".
Segundo o mesmo comunicado, entre 2005 e 2010, "as empresas do Grupo Lena efectivamente contrataram e pagaram serviços a empresas detidas por Carlos Santos Silva no valor total de 3.287.600 euros".
Na Operação Marquês, o ex-primeiro-ministro José Sócrates está indiciado por corrupção, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais, num processo que investiga crimes económico-financeiros e que tem 25 arguidos: 19 pessoas e seis empresas, quatro das quais do Grupo Lena.
Entre os arguidos da Operação Marquês estão Armando Vara, ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos e antigo ministro socialista, Carlos Santos Silva, empresário e amigo do ex-primeiro-ministro, Joaquim Barroca, empresário do grupo Lena, João Perna, antigo motorista de Sócrates, Paulo Lalanda de Castro, do grupo Octapharma, Henrique Granadeiro e Zeinal Bava, ex-administradores da PT, Ricardo Salgado, ex-presidente do BES, o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e os empresários Diogo Gaspar Ferreira e Rui Mão de Ferro e o empresário luso-angolano Hélder Bataglia.