Pai, gosto de ti!
Por tanto que nos deste, pai, amo-te, sou o único homem que te beija na cara e ninguém tem nada com isso, deixa-me dar-te este abraço e vem dar-me este abraço agora que cheguei a casa
Não deixes de dizer a quem gostas que o amas, talvez não tenhas outra oportunidade. Por isso, pai, aqui vai, a ver se é desta, vou tomar balanço e partir, correr e fugir, mas não de ti, para ti, para os teus braços e para o teu colo, encher o peito de ar e de uma só vez dizer: pai, gosto de ti! Pronto, já o disse. Pai, gosto de ti, gosto de como, apesar desta distância e deste abismo, te tenho aqui, sempre ao meu lado, a querer saber quanto me aflige, tudo o que me apoquenta e tira o sono, para que juntos me ajudes a encontrar as respostas e soluções, a porta de saída para os problemas da vida, ouvindo e aconselhando, estando acordado quando estou a dormir, vigilante como um herói incansável (e não são todos os heróis incansáveis?), passando fome para que outros possam comer, de bom grado morrendo para que os teus filhos possam viver. E eu pergunto-me, porquê pai, porquê tanto amor, porque não descansas tu agora, porque não nos deixas cuidar de ti depois de tanto cuidares de nós, porque não deixas tu de te levantar sempre que os dias te empurram para o chão, porque não te faltam as forças, porque insistes em dizer que não? Olha para nós: estamos longe, sim, eu sei, mas estamos bem. E amanhã, pai, vais ver, já aí estamos para te abraçar e beijar, para que nos dês a mão e, passo a passo, nos ensines a andar. Sim, pai, eu sei como o tempo passou. Contigo aprendi a contar os dias, os anos, as tradições e as canções, ensinaste-me a amar e, sem dizer adeus, falaste-me de mulheres e paixões, mais ao menos ao mesmo tempo que me viste abrir as asas e partir corações, primeiro o meu, e depois o teu, quando finalmente voei sem voltar.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Não deixes de dizer a quem gostas que o amas, talvez não tenhas outra oportunidade. Por isso, pai, aqui vai, a ver se é desta, vou tomar balanço e partir, correr e fugir, mas não de ti, para ti, para os teus braços e para o teu colo, encher o peito de ar e de uma só vez dizer: pai, gosto de ti! Pronto, já o disse. Pai, gosto de ti, gosto de como, apesar desta distância e deste abismo, te tenho aqui, sempre ao meu lado, a querer saber quanto me aflige, tudo o que me apoquenta e tira o sono, para que juntos me ajudes a encontrar as respostas e soluções, a porta de saída para os problemas da vida, ouvindo e aconselhando, estando acordado quando estou a dormir, vigilante como um herói incansável (e não são todos os heróis incansáveis?), passando fome para que outros possam comer, de bom grado morrendo para que os teus filhos possam viver. E eu pergunto-me, porquê pai, porquê tanto amor, porque não descansas tu agora, porque não nos deixas cuidar de ti depois de tanto cuidares de nós, porque não deixas tu de te levantar sempre que os dias te empurram para o chão, porque não te faltam as forças, porque insistes em dizer que não? Olha para nós: estamos longe, sim, eu sei, mas estamos bem. E amanhã, pai, vais ver, já aí estamos para te abraçar e beijar, para que nos dês a mão e, passo a passo, nos ensines a andar. Sim, pai, eu sei como o tempo passou. Contigo aprendi a contar os dias, os anos, as tradições e as canções, ensinaste-me a amar e, sem dizer adeus, falaste-me de mulheres e paixões, mais ao menos ao mesmo tempo que me viste abrir as asas e partir corações, primeiro o meu, e depois o teu, quando finalmente voei sem voltar.
E sim, tu já sabias, um dia seria assim e um dia chegaria um dia, havia sido assim contigo e com o teu pai... só não sabias o quanto te ia custar abrir as mãos e disparar-nos como setas à procura do infinito, à procura de ti, sempre presente, nunca nos deixaste sós, nunca nos deixaste partir de facto, pois assim é ser pai, amar e proteger.
E por tanto que nos deste, pai, amo-te, sou o único homem que te beija na cara e ninguém tem nada com isso, deixa-me dar-te este abraço e vem dar-me este abraço agora que cheguei a casa, meti a chave à porta, acabei de entrar de onde nunca saí e sempre estive, ao pé do meu pai, mesmo sabendo tão bem nunca ter tido um pai, obrigado pai por teres sido um pai para mim.