Tillerson diz que estratégia dos últimos 20 anos com Coreia do Norte falhou

Em viagem pela Ásia, o secretário de Estado norte-americano diz a Pyongyang que "não é preciso recear os Estados Unidos".

Foto
Rex Tillerson esteve reunido com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe Reuters/POOL

Na primeira grande visita à Ásia, o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, disse ser necessária “uma nova abordagem” para lidar com a Coreia do Norte e deixou um conselho: não tenham medo dos EUA nem dos seus aliados.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Na primeira grande visita à Ásia, o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, disse ser necessária “uma nova abordagem” para lidar com a Coreia do Norte e deixou um conselho: não tenham medo dos EUA nem dos seus aliados.

O chefe da diplomacia norte-americana disse que durante “os últimos 20 anos” foi seguida uma “estratégia falhada” em relação ao regime norte-coreano, que nos últimos anos tem dado indícios de estar próximo de concluir com sucesso o seu programa de armamento nuclear. Estima-se que Pyongyang esteja a menos de dez anos de conseguir desenvolver a capacidade para miniaturizar ogivas nucleares para que possam ser transportadas em mísseis.

O período a que Tillerson se refere corresponde aos esforços diplomáticos levados a cabo por Washington para travar o desenvolvimento nuclear norte-coreano. Em 1994, os EUA começaram a fornecer ajuda externa à Coreia do Norte a troco do desmantelamento das infra-estruturas de fabrico de armamento nuclear já existentes e os meios de lançar mísseis.

Segundo Tillerson, desde então foram gastos “1350 milhões de dólares em assistência para a Coreia do Norte como encorajamento para que seguisse outro caminho”.

O regime norte-coreano continuou, no entanto, a desenvolver armas nucleares, e já realizou vários testes, o último dos quais – o de maior magnitude – em Setembro. “Perante esta ameaça crescente, é óbvio que é necessária uma abordagem diferente”, afirmou Tillerson. “Parte do objectivo da minha visita à região é trocar perspectivas sobre a nova abordagem”, acrescentou, citado pelo Washington Post.

Tillerson não deu, porém, mais pormenores sobre que tipo de abordagem será discutida nas visitas a Tóquio, Seul e Pequim. A Coreia do Norte impôs-se como o primeiro grande desafio internacional da nova Administração, depois de ter feito novos ensaios balísticos. Alguns analistas consideram que Washington está a ponderar de forma cada vez mais séria um cenário de intervenção militar para afastar do poder o líder norte-coreano, Kim Jong-un.

No entanto, Tillerson deixou igualmente uma mensagem com um tom conciliatório, mas de difícil interpretação. “A Coreia do Norte e o seu povo não precisam de recear os Estados Unidos ou os seus vizinhos na região, que apenas querem viver em paz com a Coreia do Norte”, afirmou.

Um dos dossiers mais sensíveis que Tillerson terá de lidar durante a viagem chama-se THAAD, o sistema antimíssil norte-americano que começou a ser instalado na Coreia do Sul. A China tem sido bastante crítica desta decisão, que a vê como uma provocação dirigida não à Coreia do Norte mas a si.

Em Pequim, a missão do chefe da diplomacia dos EUA é assegurar que o THAAD destina-se apenas a proteger os sul-coreanos da ameaça nuclear do norte, ao mesmo tempo que garante o apoio chinês à aplicação das sanções económicas aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU contra Pyongyang.

“Iremos ter discussões com a China para que intensifique acções que consideramos que eles devem ponderar adoptar, uma vez que seriam benéficas para levar a Coreia do Norte a ter uma atitude diferente acerca das suas necessidades futuras de ter armas nucleares”, afirmou Tillerson.

Tillerson passou as primeiras semanas da nova Administração fora do radar público. Não concedeu entrevistas ou conferências de imprensa e falhou alguns dos encontros entre o Presidente, Donald Trump, e outros dirigentes estrangeiros, dando azo a especulações de que o ex-presidente-executivo da petrolífera Exxon Mobil estaria a perder espaço e relevância na Administração.