Festival Literário da Madeira arranca esta terça com Svetlana Alexievich
Nobel da Literatura bielorrussa é a convidada do evento para reflectir sobre se "haverá algo mais assustador do que o homem?".
O Festival Literário da Madeira inicia-se esta terça-feira, com a jornalista e escritora bielorrussa Svetlana Alexievich, Nobel da Literatura, e fecha no sábado com o Prémio Pessoa Frederico Lourenço e o norte-americano Adam Johnson, vencedor do Pulitzer.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O Festival Literário da Madeira inicia-se esta terça-feira, com a jornalista e escritora bielorrussa Svetlana Alexievich, Nobel da Literatura, e fecha no sábado com o Prémio Pessoa Frederico Lourenço e o norte-americano Adam Johnson, vencedor do Pulitzer.
Organizado pela Eventos Culturais do Atlântico, o Festival Literário da Madeira é este ano dedicado ao tema Literatura e a Web - entre o medo e a liberdade, tendo como palco o Teatro Municipal Baltazar Dias, no Funchal. A sessão de abertura, hoje às 18h, tem prevista a presença de Svetlana Alexievich, numa conversa com o jornalista Luís Caetano, da Antena 2, que toma a experiência da autora, dos testemunhos que procurou e recolheu ao longo do seu percurso - testemunhos de guerra, de morte e de destruição, testemunhos de sobrevivência - para a pergunta que norteia o encontro: "Haverá algo mais assustador do que o homem?".
Svetlana Alexievich foi distinguida em 2015 com o Nobel da Literatura, destacando então a Academia Sueca a sua "escrita polifónica", em que as vozes das testemunhas se multiplicam, como "um monumento ao sofrimento e à coragem no nosso tempo".
Na segunda-feira, dia em que Alexievich seria recebida pelo presidente do Governo Regional, a escritora viu a sua chegada à Madeira adiada devido ao vento forte que se fez sentir e que atingiu o aeroporto.
O encerramento do festival, no dia 18, conta com o escritor norte-americano Adam Johnson, numa conversa com o jornalista e escritor português Miguel Sousa Tavares, moderada pelo jornalista Paulo Moura. Adam Johnson venceu o Prémio Pulitzer de Ficção, em 2013, pelo romance Vida Roubada (The Orphan Master's Son).
Os angolanos Pepetela, Prémio Camões em 1997, e Ondjaki, Prémio José Saramago e Prémio Jabuti Juvenil, bem como o jornalista Fernando Alves, marcam o programa do segundo dia, numa conversa que toma por lema uma citação do autor de Yaka: "Queremos transformar o mundo e somos incapazes de nos transformar a nós próprios".
Os dois escritores voltam a encontrar-se na quinta-feira, desta vez com o jornalista João Céu e Silva, para discutirem a partir da 'máxima' do seiscentista inglês John Milton, o autor de Paraíso Perdido: "A solidão é por vezes a melhor sociedade".
Na quinta-feira destacam-se os dois encontros de Valter Hugo Mãe, Prémio José Saramago e Grande Prémio Portugal Telecom 2012, com Marcelino Freire, Prémio Jabuti e Prémio Machado de Assis, do Brasil.
Os poetas Pedro Mexia e Daniel Jonas, Grande Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes, da Associação Portuguesa de Escritores, conversam na sexta-feira, dia 17, a partir da ideia de que "ser deixado sozinho é a coisa mais preciosa que se pode pedir do mundo moderno", uma frase do britânico Anthony Burgess, autor de Laranja mecânica e 1985.
No último dia de encontros, sábado, 18 de março, além da sessão de encerramento com Adam Johnson, há mais duas sessões com escritores.
A primeira reúne Frederico Lourenço, Prémio Pessoa 2016, ao sociólogo Viriato Soromenho-Marques, numa conversa a partir de um versículo das epístolas de São Paulo aos Coríntios, "tudo me é permitido, mas não me deixarei ser controlado por nada".
A segunda junta a escritora irlandesa Eimear McBride, prémio Goldsmith 2016, autora de Uma rapariga é uma coisa inacabada, a Tatiana Salem Levy, nascida em Lisboa, que escreveu A Chave de Casa e o Paraíso, para conversarem a partir da certeza do escritor de origem argentina Julio Cortázar de que "a linguagem é uma das prisões mais terríveis e está sempre à nossa espera".