Centeno para os mercados: “Não estamos a ser tratados com justiça”
Em entrevista ao Financial Times, o ministro da Finanças diz que a Europa tem de ver que o país merece sair do procedimento por défice excessivo.
Um mês antes de Bruxelas debater a saída de Portugal do Procedimento por Défice Excessivo (PDE), o ministro das Finanças fala para os mercados e em entrevista ao Financial Times (FT) pede para que Bruxelas olhe para os resultados tanto do défice como da economia para passar a tratar o país com justiça.
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Um mês antes de Bruxelas debater a saída de Portugal do Procedimento por Défice Excessivo (PDE), o ministro das Finanças fala para os mercados e em entrevista ao Financial Times (FT) pede para que Bruxelas olhe para os resultados tanto do défice como da economia para passar a tratar o país com justiça.
Ao jornal, Centeno diz que o país mostra "saúde orçamental", tendo conseguido o défice mais baixo da democracia em 2016. Mas deixa o desabado "Não estamos a ser tratados com justiça", disse, lembrando que "muito do nosso orçamento é para pagar juros [da dívida], mais do que qualquer outro país da União Europeia". "É importante que as agências de rating percebam que o Portugal de hoje é diferente do Portugal de 2012. A descida sustentada da dívidas das famílias e das empresas foi impressionante".
O ministro das Finanças começa agora o périplo para pressionar a uma saída do PDE. Ao FT diz que Portugal deve sair do grupo de países que estão sujeitos aos bloqueios impostos pelo PDE. “A nossa economia está a crescer há 13 trimestres consecutivos. Se isto não é suficiente para um país sair do procedimento por défices excessivos, temos de nos perguntar então o que será preciso”.
Na mesma entrevista ao jornal, o ministro das Finanças refere que o país se tem preparado para lidar com potenciais riscos externos, mas que o país está tão exposto como qualquer outro país europeu. "Há diferentes vulnerabilidades entre os países e nós sabemos quais são as nossas. É por isso que temos vindo a implementar políticas que criam crescimento, consolidação orçamental e coesão social".
Em Abril, Bruxelas vai decidir se Portugal sai do PDE, por ter alcançado um défice de 2,1% em 2016, abaixo da meta dos 3%. Ainda o mês passado, o vice-presidente da Comissão Europeia responsável pelo Euro e Estabilidade, Valdis Dombrovskis, considerou que Portugal tenderá a sair do PDE se a evolução positiva da economia se confirmar, nomeadamente nas estatísticas oficiais de Abril.