Na Trofa, a alternativa pode não passar pelo canal existente
Em entrevista ao PÚBLICO, o presidente do Metro do Porto diz que, no caso do metro para a Trofa, a procura por quilómetro não tem uma escala que peça um transporte pesado.
De linha adiada, o metro para a Trofa passou a estar fora do horizonte da Metro do Porto. Segundo o presidente da empresa, se o projecto fazia pouco sentido no início, o passar dos anos tornou-o ainda menos racional. Há um caso para resolver, na Trofa. O corredor é vosso e não vai ter metro. Quer explicar melhor o que vão lá fazer?
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
De linha adiada, o metro para a Trofa passou a estar fora do horizonte da Metro do Porto. Segundo o presidente da empresa, se o projecto fazia pouco sentido no início, o passar dos anos tornou-o ainda menos racional. Há um caso para resolver, na Trofa. O corredor é vosso e não vai ter metro. Quer explicar melhor o que vão lá fazer?
É uma questão que nos preocupa. De facto foi a Metro que desactivou aquela linha de comboio. Acho que a Metro e o Estado têm uma obrigação para com aquela população, no sentido de se encontrar uma solução. Mas tem de ser uma solução que sirva as pessoas, Não pode ser uma solução por decreto, só porque estava prometida. É preciso lembrar que o comboio que existia tinha muito menos estações do que aquelas que estavam projetadas para o metro, que tinha uma frequência muito mais baixa do que a linha do metro, e que tinha uma capacidade de transporte mais reduzida. As coisas não são comparáveis. Acresce que ao longo dos tempos, independentemente da retirada ou não do comboio da linha da Trofa, a EN14 funcionou como eixo estruturante, chamou as pessoas para essa via rodoviária e afastou-as da linha de comboio.
Mesmo a questão do corredor tem de ser equacionada, numa alternativa?
A pergunta que se faz é a seguinte: Ok. Não vamos pôr ali o metro. E um autocarro, faz sentido? As pessoas vão andar 500 metros para ir ter a um canal, quando estão junto a estrada onde estão bem, em termos de acessibilidades? E vamos ter os pontos de entrega naquelas estações? O autocarro não pode ter estações de 700 em 700 metros, ou de quilómetro a km. Implica paragens mais regulares.
E nesses pontos de paragem não há densidade?
De todo. Mas o canal continuará a ser algo que é preciso trabalhar. Contratámos uma consultadoria para esse efeito, estamos a procurar soluções e a pôr a par disso a câmara da Trofa. Queremos encontrar uma solução que seja consensual e do agrado das pessoas.
Ou seja. A linha não foi prioritária quando o projecto começou a ser executado e agora já não é só uma questão de arranjar financiamento para a executar. Está a dizer-nos que essa solução já não é ajustada, hoje em dia?
Os números que temos associados a uma eventual procura levam-nos a concluir isso. Podem ser tomadas todas as decisões. Há as racionais e as que são menos racionais. No nosso entendimento, a procura que temos identificada leva-nos a crer que não é uma boa ideia.
Neste momento quantas pessoas usam o serviço rodoviário alternativo que a metro presta?
O serviço é usado, em média, por cerca 230 pessoas por dia. No estudo recente do Dr. Paulo Pinho que serviu para a hierarquização dos investimentos, percebe-se que a procura por quilómetro não tem uma escala que peça um transporte pesado.