João Machado vai deixar presidência da CAP, 18 anos depois
A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) vai mudar de presidente a partir de Abril. João Machado, que exerceu essas funções durante seis mandatos, decidiu “dar lugar a outros”.
João Machado, vice-presidente da Confederação dos Agricultores Portugueses (CAP) entre 1994 e 1999 e presidente da entidade desde aquele ano, não vai concorrer à próxima eleição dos órgãos sociais da CAP (para o triénio 2017 a 2020), marcada para o próximo dia 19 de Abril.
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João Machado, vice-presidente da Confederação dos Agricultores Portugueses (CAP) entre 1994 e 1999 e presidente da entidade desde aquele ano, não vai concorrer à próxima eleição dos órgãos sociais da CAP (para o triénio 2017 a 2020), marcada para o próximo dia 19 de Abril.
“Está na altura de terminar o meu trabalho à frente da CAP”, um período “de 18 anos”, afirmou João Machado ao Público, confirmando a sua saída da presidência da direcção da CAP – “há que dar lugar aos outros”, afirmou. A eleição que se realiza na Confederação daqui a um mês tem, para já, apenas uma lista candidata. É liderada por Eduardo Oliveira e Sousa que tem “o apoio e a solidariedade” de João Machado nessa iniciativa – e de quem chegou a ser vice-presidente no passado. A apresentação de listas às eleições dos órgãos sociais da CAP termina no próximo dia 20 de Março.
O actual presidente da CAP – que manterá as suas funções até o final do próximo mês de Abril - não avança para já o que irá fazer a partir de Maio: “não faço a mínima ideia, com franqueza”. Não foi com o “objectivo” de aceitar “outros desafios” que decidiu não se recandidatar pela sétima vez, defendeu, mas por considerar que era altura de mudança.
“Desempenhar um trabalho à frente de uma confederação que é parceira social”, e “tendo estado 22 anos” nos órgãos sociais da CAP – primeiro como vice-presidente e depois como presidente (por seis mandatos de três anos cada) – “é muito absorvente”, defendeu. E recordou que desde que João Proença (antigo líder da UGT – União Geral de Trabalhadores) saiu, João Machado passou a ser o representante (patronal e sindical) “há mais tempo” na mesa de negociações da Concertação Social. “É óbvio que há coisas que estão em curso” e há sempre dossiês por fechar, reconheceu. Mas na altura da saída, “o essencial está feito”, afirmou.
Para a futura CAP, da qual não fará parte dos órgãos sociais, João Machado vê essencialmente três desafios: a “representação de todos os agricultores portugueses”, sem “exclusão de ninguém”; “garantir que o bom momento que a agricultura portuguesa está a viver vai continuar - que não seja algo transitório, mas consistente no tempo”; e “garantir uma participação na vida social e política portuguesa” para o sector, com “uma participação muito activa na concertação social” e na Europa, na discussão da Política Agrícola Comum (PAC).
Da reforma agrária a Jaime Silva
Em jeito de balanço, há dois momentos positivos que João Machado destaca nos 22 anos em que fez parte da direcção da CAP. O primeiro foi quando “o Governo de António Guterres, com Capoulas Santos como ministro da Agricultura” pagou o “grosso das indemnizações dos agricultores” pelos “antigos terrenos ocupados em 1975”, pela Reforma Agrária. Na altura, recordou, o valor foi de “80 milhões de contos”.
O segundo é o presente, “este tempo em que estamos a viver” com o sector da agricultura e a “profissão agrícola” a verem “reconhecidos” o “seu papel na sociedade e economia portuguesas”. Um “reconhecimento da sociedade em geral, e dos políticos em particular”, afirmou, que é “algo que não podemos deixar morrer”.
Questionado sobre os momentos mais difíceis das últimas duas décadas, João Machado salienta um, sem hesitar: “do ponto de vista político foi o momento em que o ministro Jaime Silva esteve no Ministério da Agricultura [entre 2005 e 2009]”, período que caracteriza de “luta permanente de vários anos” e de quebra do diálogo entre a tutela e as confederações. “Foi dos momentos mais difíceis” que viveu na direcção da CAP, reconheceu.