Denk: Um partido, ou quase dois, para os imigrantes na Holanda
Denk, uma formação ligada à comunidade imigrante turca, deve eleger um deputado.
A Holanda é palco para um caso raro na paisagem política da Europa: tem um partido de imigrantes para imigrantes. Ou melhor, dois: após uma cisão, há o partido Denk (literalmente, “pensa”) e uma candidata saída do partido, Sylvana Simons.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A Holanda é palco para um caso raro na paisagem política da Europa: tem um partido de imigrantes para imigrantes. Ou melhor, dois: após uma cisão, há o partido Denk (literalmente, “pensa”) e uma candidata saída do partido, Sylvana Simons.
Fundado por dois membros do Partido Trabalhista de ascendência turca, Tunahan Kuzu e Selçuk Öztürk, o Denk quer um registo de racismo para monitorizar o uso de discurso de ódio por políticos, a construção de um museu da escravatura, e a abolição da tradição do Black Pete, em que o São Nicolau, que traz prendas em Dezembro, é ajudado só por negros.
O Denk foi fundado em 2014 como a resposta à retórica de exclusão de Wilders, que num comício uma vez perguntou se as pessoas queriam mais ou menos marroquinos, ao que a multidão respondeu “menos”. Wilders prometeu “tratar disso” (e foi processado por incitar ao ódio por isso).
“O Denk apela à insatisfação entre muitos holandeses de ascendência turca, e alguns, menos, marroquina, de segunda ou terceira geração”, explica o analista político Cas Mudde, por email, ao PÚBLICO. Esta insatisfação tem também a ver com a posição fraca das “organizações de imigrantes”, muitas vezes lideradas por imigrantes da primeira geração, acrescenta.
Apesar de poder apelar a um grande número de pessoas, as sondagens indicam que deverão eleger um deputado apenas. “A sua visão paranóica dos media e do mainstream político e a sua posição pró-Erdogan fazm com que seja controverso, também entre muçulmanos holandeses”, explica o professor de ciência política.
E num partido tão recente já começaram a surgir discórdias: uma das suas potenciais candidatas anunciou em Dezembro que saía do partido. Sylvana Simons, personalidade da MTV, negra, nascida no Suriname, e que deu o poder de uma estrela ao partido, disse que queria também lutar por direitos da comunidade homossexual e práticas de contratação justas, mas que os outros membros do partido não concordaram com a sua ideia.