Erdogan quer "sanções" contra a Holanda, na UE quer-se proibir campanha turca
Na Turquia esfaqueiam-se laranjas para atingir o "inimigo" holandês.
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, apelou às “instituições internacionais” para que “imponham sanções à Holanda”, depois de Haia não ter deixado entrar os seus ministros para fazer campanha pelo “sim” no referendo constitucional, enquanto o ministro dos Negócios Estrangeiros apelidava o país europeu de “capital do fascismo”.
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O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, apelou às “instituições internacionais” para que “imponham sanções à Holanda”, depois de Haia não ter deixado entrar os seus ministros para fazer campanha pelo “sim” no referendo constitucional, enquanto o ministro dos Negócios Estrangeiros apelidava o país europeu de “capital do fascismo”.
A disputa diplomática entre Ancara e Haia torna-se cada vez mais feia, com outras capitais da União Europeia a mostrarem claramente ter pouca vontade de receber governantes turcos.
O primeiro-ministro da Dinamarca, Lars Lokke Rasmussen, propôs ao seu congénere turco, Binali Yilderim, que adiasse a viagem a Copenhaga que tinha marcada para este mês, devido à zanga diplomática que começou com os cancelamentos dos comícios em países europeus com muitos emigrantes turcos, onde governantes turcos pretendiam discursar. Foi por isso que Erdogan e o seu chefe da diplomacia começaram a chamar “nazis” aos alemães, e alargaram o insulto aos holandeses.
A situação degenerou fortemente em Roterdão: durante a noite de sábado para domingo, a polícia de choque envolveu-se em confrontos com imigrantes turcos, que se juntaram em torno do consulado, onde a ministra turca da Família, Fatma Betül Sayan Kaya, tinha sido impedida de entrar pelas autoridades holandesas, depois de ter chegado ao país de carro, vinda da Alemanha. Diplomatas e vários media turcos tinham apelado a que se juntassem ali.
Já neste domingo, apoiantes de Erdogan concentraram-se em frente à embaixada de Haia em Ancara, gritando palavras de ordem contra a Holanda. Há protestos em que são esmagadas ou esfaqueadas laranjas – simbolizando a Casa de Orange, da família real holandesa.
É ainda demasiado cedo para determinar de que forma estes acontecimentos podem afectar as eleições na Holanda, que se realizam na quarta-feira. “Se houver impacto, no entanto, é provável que Geert Wilders [extrema-direita] seja o mais beneficiado”, disse à Reuters o especialista em eleições Joop van Holsteijn, da Universidade de Leiden.
O vice-presidente do Parlamento Europeu Alexander Graff Lambsdorff (Partido Democrata Liberal, Alemanha) apelou no jornal Die Welt a que se proibisse em toda a União Europeia a vinda de ministros turcos para fazer campanha eleitoral.
O ministro do Interior alemão, Thomas de Maizière, disse que é preciso analisar com cautela essa ideia de impor proibições aos governantes turcos. “Mas há limites – limites claros. Por exemplo no Código Criminal”, declarou.