ONU vê a maior crise humanitária desde 1945
É preciso evitar "a catástrofe", diz organização liderada por António Guterres.
O mundo enfrenta "um ponto crítico na história". Há menos de dois meses, o vice-secretário-geral para as questões humanitárias e coordenador do auxílio de emergência da ONU, Stephen O'Brien, expressou exactamente a mesma ideia. Nada mudou em dois meses. Nem o discurso deste responsável da organização liderada por António Guterres que, na sexta-feira, compareceu perante o Conselho de Segurança das Nações Unidas, e sublinhou as dificuldades que o mundo atravessa, com mais de 20 milhões de pessoas vivendo sob ameaça de morrerem à fome em países como Iémen, Somália, Sudão do Sul e Nigéria.
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O mundo enfrenta "um ponto crítico na história". Há menos de dois meses, o vice-secretário-geral para as questões humanitárias e coordenador do auxílio de emergência da ONU, Stephen O'Brien, expressou exactamente a mesma ideia. Nada mudou em dois meses. Nem o discurso deste responsável da organização liderada por António Guterres que, na sexta-feira, compareceu perante o Conselho de Segurança das Nações Unidas, e sublinhou as dificuldades que o mundo atravessa, com mais de 20 milhões de pessoas vivendo sob ameaça de morrerem à fome em países como Iémen, Somália, Sudão do Sul e Nigéria.
"Estamos no início do ano e já enfrentamos a maior crise humanitária desde a criação das Nações Unidas [em 1945]", afirmou O'Brien, citado pela BBC.
"Neste momento há 20 milhões de pessoas em quatro países que enfrentam a fome. Sem um esforço global e coordenado, estas pessoas vão simplesmente morrer. Muitos mais sofrerão e morrerão doentes", sublinhou o mesmo responsável. É para essas quatro regiões que o mundo deve dirigir já a sua atenção, prosseguiu O'Brien, pedindo acesso livre e em segurança da ajuda humanitária às zonas urgentes "para evitar a catástrofe".
Além disso, é preciso dinheiro. "Para sermos precisos, necessitamos de 4400 milhões de dólares até Julho", afirmou, em declarações citadas pelo jornal The Guardian. Se não, frisou o mesmo responsável, as crianças serão duramente atingidas pela fome, deixarão de ir à escola e perder-se-á o pouco que se ganhou no desenvolvimento económico destes países.
A pior situação, diz a ONU, é a do Iémen, onde dois terços da população (18,8 milhões de pessoas) precisam de ajuda, segundo o Guardian, e mais de sete milhões de habitantes vivem em situação de fome, sem saberem de onde virá a próxima refeição, acrescenta o mesmo jornal.
Só para o Iémen, dizem as contas da ONU, serão necessários 2100 milhões de dólares para acudir a 12 milhões de pessoas. O'Brien anunciou ainda que o próprio secretário-geral da ONU, António Guterres, promoverá uma conferência de doadores para o Iémen, a 25 de Abril de 2017, em Genebra (Suíça).
No país mais jovem do planeta, o Sudão do Sul, três anos de guerra civil mantêm a população em necessidade extrema. Segundo a ONU, há 7,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda, ou seja, mais 1,4 milhões do que 12 meses antes. Além disso, o país contabiliza 3,4 milhões de deslocados devido aos confrontos.
Na Somália, há cerca de 2,9 milhões de pessoas em risco. A BBC recorda que na última ocasião em que foi declarada fome neste país, há seis anos, morreram 260 mil pessoas. No início deste mês de Março, acrescenta a estação britânica, morreram à fome 110 pessoas em apenas 48 horas.
Por último, na Nigéria, a região nordeste vive "a maior crise do continente" africano, segundo a ONU. Sabe-se que o grupo extremista Boko Haram matou 15 mil pessoas e "empurrou" mais de dois milhões de nigerianos para fora das suas casas, quando estas fugiram dos radiucais islamistas. Em Dezembro, a ONU estimava haver 75 mil crianças em risco de morrerem desnutridas. Mas há muitas mais, 7,1 milhões de pessoas, ao todo, neste país que não têm o que comer.