Bairro lisboeta de Alfama vai ter primeira escola de marchantes
Está também prevista a abertura do Museu da Marcha.
O bairro lisboeta de Alfama vai albergar a primeira escola de marchantes e está previsto a abertura do Museu da Marcha. Os espaços, apresentados neste sábado, devem estar a funcionar em pleno em Setembro.
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O bairro lisboeta de Alfama vai albergar a primeira escola de marchantes e está previsto a abertura do Museu da Marcha. Os espaços, apresentados neste sábado, devem estar a funcionar em pleno em Setembro.
"Sou ensaiadora da marcha de Alfama faz este ano oito anos. Para nós é muito bom avançar com este projecto com a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior. A partir de Setembro vamos começar a ter disciplinas e tentar ter um bocadinho de tudo de como se faz uma marcha", explicou Vanessa Rocha, ensaiadora da marcha de Alfama desde 2010
Vanessa Rocha tem uma ligação sentimental à marcha de Alfama, tendo marchado durante 19 anos sob orientação de Carlos Mendonça, conhecido como o “Mourinho das marchas “ e que morreu no ano passado. Durante 20 anos, foi a alma da marcha popular do bairro.
A ensaiadora, de 40 anos, reconhece que ficou muito agradecida quando Mendonça trocou Alfama pelo Alto do Pina e a convidou para ficar no seu lugar à frente da marcha do seu bairro.
A escola de marchantes recebeu o nome de Carlos Mendonça por forma a homenagear uma personalidade que contribuiu para manter a tradição como coreógrafo, figurinista, cenógrafo, letrista e também como músico e compositor.
Conhecido por ter um estilo inovador, conseguiu 13 primeiros lugares em 20 anos, assim como diversos prémios de figurinos, artes plásticas e coreografia, e inspirou muitos outros ensaiadores.
Na primeira Escola de Marchantes vai ser possível, segundo Vanessa Rocha, montar uma marcha - desde os figurinos e a cenografia à música.
Em relação ao Museu das Marchas, Vanessa Rocha explicou que o Centro Cultural Magalhães Lima organiza a marcha de Alfama desde 1983 e que todo o espólio destas mais de três décadas vai estar em exposição.
"Vamos tentar ainda encontrar coisas de quando era a Sociedade Boa União a organizar a marcha", disse a ensaiadora, reconhecendo que poderá ser difícil, pois não sabe se o organismo tem arquivos.
Já para o presidente da junta de freguesia de Santa Maria Maior, Miguel Coelho, a ideia da criação da escola e do museu na marcha na freguesia surgiu após uma reflexão que foi sendo feita entre o organismo e o Centro Cultural Magalhães Lima.
"Tendo em conta o sucesso da marcha e o património cultural e popular que representa para a freguesia, houve uma evolução no sentido de se perceber que fazia sentido transformar em escola todo o saber acumulado de décadas ", explicou à Lusa.
De acordo com o autarca, a componente de ensinar a marchar será o "oxigénio do projecto", mas também a componente do ponto de vista museológico vai ser muito importante, bem como a escola de costura, que vai ensinar a fazer os fatos.
"Todas estas iniciativas desenvolvem a auto-estima, a coesão social das pessoas, muitas delas que passam dificuldades diárias", frisou Miguel Coelho.
A marcha de Alfama deste ano já está a ser preparada há muito. Segundo Vanessa Rocha, desde Janeiro já há cenografia, música e letra, e em Abril começam os ensaios.
Em Junho, na noite de Santo António, as marchas populares voltam a descer a Avenida da Liberdade.