Ricardo Preto: de designer de atelier a “designer que controla a indústria têxtil”
O criador português apresenta a sua colecção-mãe no primeiro dia de desfiles da ModaLisboa, que começa com o Sangue Novo e David Ferreira.
“Acaba a ModaLisboa e apanho um avião para Nova Iorque e depois outra vez para as Filipinas”, revela Ricardo Preto ao PÚBLICO. O designer de moda apresenta esta sexta-feira, pelas 21h30, a sua colecção-mãe, sendo que muitas das peças serão mais tarde incorporadas nas linhas de roupa que começou no ano passado a desenhar para os grandes armazéns filipinos Rustan’s.
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“Acaba a ModaLisboa e apanho um avião para Nova Iorque e depois outra vez para as Filipinas”, revela Ricardo Preto ao PÚBLICO. O designer de moda apresenta esta sexta-feira, pelas 21h30, a sua colecção-mãe, sendo que muitas das peças serão mais tarde incorporadas nas linhas de roupa que começou no ano passado a desenhar para os grandes armazéns filipinos Rustan’s.
Ricardo Preto Exclusive for Rustan’s e U by Ricardo Preto são os nomes das duas colecções, que conservam a estética do criador português, com roupa e acessórios mais funcionais e versáteis para o dia-a-dia. As peças estão à venda no site da Rustan’s; os preços variam entre 11 e 111 euros aproximadamente, no caso de U by Ricardo Preto, e chegam aos 168 euros na linha Ricardo Preto Exclusive for Rustan’s.
Há mais de um ano, decidiu olhar para o estrangeiro para procurar um novo cliente para a sua marca. “Estava cansado de estar em Portugal”, desabafa. Candidatou-se para desenhar a marca U para a Rustan’s e foi escolhido. Hoje desenha duas linhas de homem, mulher e acessórios – ou seja, ao todo seis, a cada seis meses. “Eles gostaram muito da minha própria linha devido à maneira como apresentei todo o meu trabalho e propuseram-me desenhar uma Ricardo Preto Exclusive for Rustan’s”, conta.
O designer terminou à data a parceria de cinco anos que tinha com a marca portuguesa Meam. “Foi muito importante para mim. Antes era um designer de atelier. Os cinco anos que estive em Barcelos permitiram-me ser o designer que sou hoje e perceber de indústria têxtil”, garante. “A minha estrutura é muito diferente. Neste momento, em vez de ter tantas pessoas nas máquinas, tenho mais nos computadores." Revela ainda que a equipa sedeada em Lisboa é constituída por seis pessoas.
Não divulgando valores de facturação, garante que na estação passada saíram “da Europa 11 toneladas de produto Ricardo Preto para a Ásia”. O fabrico da roupa e dos acessórios divide-se entre o Norte de Itália e o Norte de Portugal – de onde saem o calçado e os algodões. Da linha Ricardo Preto, 70% é feito em Itália e 30% em Portugal, e, com números semelhantes, 65% da U by Ricardo Preto têm produção em Itália e 35% em Portugal. O designer explica que a marca fica mais forte com a designação made in Italy, mas ressalva que, no caso do calçado, o nome Portugal “tem imenso valor”.
No ano passado, Ricardo Preto esteve ausente da ModaLisboa – ou seja, falhou duas edições. Na altura, estava ainda na fase inicial da parceria com a Rustan’s. Em Outubro de 2016 regressou com dois desfiles distintos (de mulher e de homem) e desta vez escolheu apresentar todas as peças numa única apresentação.
Sobre a colecção de Outono/Inverno 2017 que mostra esta sexta-feira, revela que é muito fiel ao ADN da marca – beleza e harmonia. “O ponto de partida é a geometria, a arquitectura, e em contraponto os fluídos. Não é uma colecção contida a nível de cores, tem uma paleta incrível de pantones: azuis, verdes, cores de acento como o bordeaux e o azul Klein."
A apresentação encerra o primeiro dia de desfiles do evento de moda da capital. Antes, a Garagem Sul do Centro Cultural de Belém recebe o Sangue Novo – em que será premiado um entre oito jovens talentos – e o desfile de David Ferreira.