Merkel exige que Turquia deixe de usar referências nazis, ministro volta a fazê-lo

Os dois governos estão envolvidos numa troca de acusações por causa do cancelamento de comícios organizados por Ancara na Alemanha.

Foto
Merkel falou da Turquia durante uma sessão no Parlamento EPA/CLEMENS BILAN

A chanceler alemã, Angela Merkel, pediu esta quinta-feira aos governantes turcos para deixarem de usar referências nazis no âmbito de uma troca de acusações que tem subido de tom entre os dois aliados da NATO sobre o cancelamento de comícios organizados pelo Governo de Ancara na Alemanha. Porém, poucas horas depois, o chefe da diplomacia turca voltou a referir-se ao passado nazi para se referir às decisões de Berlim.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A chanceler alemã, Angela Merkel, pediu esta quinta-feira aos governantes turcos para deixarem de usar referências nazis no âmbito de uma troca de acusações que tem subido de tom entre os dois aliados da NATO sobre o cancelamento de comícios organizados pelo Governo de Ancara na Alemanha. Porém, poucas horas depois, o chefe da diplomacia turca voltou a referir-se ao passado nazi para se referir às decisões de Berlim.

Merkel dirigiu-se ao Bundestag de uma forma abrupta pouco habitual, dizendo estar triste pelas profundas diferenças que dividem os aliados, apesar das causas comuns, como o combate contra o terrorismo. A chanceler disse que deveriam tentar superar as suas divergências, mas as referências aos nazis são injustificadas e “tão desproporcionadas que não é possível comentá-las seriamente”.

“Estas comparações entre a Alemanha e o nazismo devem parar. Não são dignas dos laços próximos entre a Alemanha e a Turquia e os nossos povos”, afirmou a líder conservadora.

A Turquia ficou furiosa depois de algumas cidades alemãs, citando questões de segurança, terem impedido ministros turcos de fazerem campanha entre a grande comunidade turca a favor dos planos do Presidente, Recep Tayyip Erdogan, de ampliar os seus poderes num referendo marcado para 16 de Abril.

Berlim, pelo seu lado, está descontente com a detenção de um jornalista turco-alemão em Istambul, acusado de terrorismo, e tem exigido a sua libertação.

Poucas horas depois das palavras de Merkel, o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlut Cavusoglu, acabou por repetir as comparações, dizendo, em declarações à agência estatal Anadolu, que não estava a apelidar o actual Governo alemão de nazi, mas alega que as suas acções são reminiscentes dessa época.

No domingo, Erdogan tinha já descrito o cancelamento dos comícios como “acções fascistas” próprias do regime nazi.

As relações entre os dois países deterioraram-se de forma significativa no último ano devido a uma série de disputas, desde o caso de um comediante alemão que gozou com Erdogan até ao voto parlamentar a descrever o massacre da população arménia pelas forças otomanas em 1915 como um “genocídio”.

As relações entre a Turquia e a União Europeia caíram ainda mais depois do golpe falhado de Julho, com a Alemanha e outros países a criticarem a escala da purga de Erdogan contra os suspeitos de apoiarem o golpe.