O Dortmund do desconhecido Franz Brungs que abalou o Benfica

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Franz Brungs, quando jogava no Nuremberga DR

Há quem nos lembre que o Benfica, em tempos gloriosos em que saboreava brilhantes conquistas europeias, perdeu em Dortmund por 5-0, num terreno minado pelas bombas da segunda guerra mundial. Mais difícil é recordar quem foi um tal Franz Brungs que marcou três golos ao guarda-redes Rita, com pouca diferença entre os dois primeiros e, logo a seguir ao intervalo, a fazer ainda outro.

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Há quem nos lembre que o Benfica, em tempos gloriosos em que saboreava brilhantes conquistas europeias, perdeu em Dortmund por 5-0, num terreno minado pelas bombas da segunda guerra mundial. Mais difícil é recordar quem foi um tal Franz Brungs que marcou três golos ao guarda-redes Rita, com pouca diferença entre os dois primeiros e, logo a seguir ao intervalo, a fazer ainda outro.

A carreira desse alemão, que fez 54 jogos pelos amarelos e terminou a sua actividade como futebolista em Nuremberga, treinando depois alguns clubes de segunda linha até abandonar funções em 1995, não teve nada de especialmente relevante. Nos mais conhecidos jogadores do BVB 09 anotavam-se então os nomes do guarda-redes Tilkovski e de Timo Konietzka, que prolongou a sua ligação ao futebol como treinador. Ainda faltavam muitos anos para a chegada à cidade da cerveja de jogadores como Andreas Moeller, Michael Zorc, Paulo Sousa, Mathias Sammer ou Robert Lewandovski. Todos eles, os de 1965, se confessavam como admiradores de um Benfica que impressionava o mundo com as vitórias na Taça dos Clubes Campeões Europeus e a participação em mais uma final no mesmo ano de 1965.

Os portugueses comandados por Fernando Riera partiram para a Alemanha com uma vantagem pequena, com dois golos marcados por Eusébio e Simões e um contra de Wosab, que na altura significava o empate, antes do definitivo 2-1. Na noite gélida de 4 de Dezembro de 1963, já nos oitavos-de-final da Taça dos Campeões Europeus, o Benfica sofreu um rude golpe quando soube que não podia contar com Eusébio, ausente por doença. Mesmo assim as presenças de campeões como Mário Coluna, Simões ou José Augusto inspiravam confiança no grupo.

A imagem do Benfica era muito mais forte do que a do Borussia, apenas com uma vitória mais dilatada por 7-0 num desempate frente à obscura equipa do Spora do Luxemburgo, na sua estreia europeia, na qualidade de representante alemão. Só que após meia-hora de resistência, três minutos foram fatais, com um golo de Konietzka e mais dois, logo a seguir, do tal Franz Brungs. Era o início de um período de ouro do Borussia; foi a primeira equipa alemã a ganhar uma taça europeia, derrotando o Liverpool por 2-1, na Taça das Taças de 1966.

Já nessa altura o Borussia se apresentava como o grande representante da Renânia, atraindo ao seu vetusto Westfalenstadion uma multidão de fiéis seguidores, que veneravam este clube desde os tempos em que se chamava Trindade e vestia de azul e branco. Já como Borussia, a partir de 1909, teve sempre a força de congregar os seus adeptos, mesmo nos tempos difíceis em que andou pela II Liga e ressurgiu com o trio Hitzfeld (treinador), Maier (manager) e Niebam (presidente).