Petição para desvincular Portugal do acordo ortográfico entregue no Parlamento

No dia em que a Academia de Ciência de Lisboa reúne, na sua sede, profissionais da escrita, é entregue oficialmente na Assembleia da República uma petição contra o acordo ortográfico.

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Petição propõe desvinculação, Academia estuda eventuais alterações ao acordo NELSON GARRIDO

Uma petição que pretende a desvinculação de Portugal do Acordo Ortográfico (AO) de 1990 vai ser entregue esta quinta-feira no Parlamento, às 12h, segundo informação dos peticionários à imprensa. A referida petição, intitulada "Cidadãos contra o ‘Acordo Ortográfico’ de 1990”, recém-enviada por correio electrónico, será agora entregue presencialmente por algumas das figuras públicas que a subscrevem: António-Pedro Vasconcelos, Alfredo Barroso, António Bagão Félix, Constança Cunha e Sá e Miguel Sousa Tavares. A desvinculação do AO de 1990 é defendida, argumentam, por este “ser um fracasso político, linguístico, social, cultural, jurídico e económico.”

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Uma petição que pretende a desvinculação de Portugal do Acordo Ortográfico (AO) de 1990 vai ser entregue esta quinta-feira no Parlamento, às 12h, segundo informação dos peticionários à imprensa. A referida petição, intitulada "Cidadãos contra o ‘Acordo Ortográfico’ de 1990”, recém-enviada por correio electrónico, será agora entregue presencialmente por algumas das figuras públicas que a subscrevem: António-Pedro Vasconcelos, Alfredo Barroso, António Bagão Félix, Constança Cunha e Sá e Miguel Sousa Tavares. A desvinculação do AO de 1990 é defendida, argumentam, por este “ser um fracasso político, linguístico, social, cultural, jurídico e económico.”

A petição em causa reuniu, segundo os seus promotores, mais de 20 mil assinaturas desde 23 de Janeiro deste ano e só não se transformou numa Iniciativa Legislativa de Cidadãos (a ser votada pelo Parlamento) “uma vez que a informatização deste tipo de Iniciativas foi travada por proposta do PS.” Mas “consideram que, politicamente – ou pelo menos, simbolicamente –, esta petição, com um avultado número de assinaturas e figuras de peso na vida pública e académica portuguesa, equivale a uma Iniciativa Legislativa de Cidadãos e assim deve ser entendida pelo Parlamento”.

Entre os 200 subscritores que dão rosto à petição (parte dos 20 mil cidadãos que a assinaram), e segundo informação dos seus promotores, estão escritores de várias áreas (António Lobo Antunes, António Arnaut, Eduardo Lourenço, Irene Pimentel, Isabel Pires de Lima, Júlio Machado Vaz, Maria Filomena Mónica, Mário Cláudio, Miguel Real, Miguel Tamen, Pedro Mexia, Pedro Tamen, Raquel Varela, Richard Zimler, Rosado Fernandes, Valter Hugo Mãe), políticos e comentadores (António Lobo Xavier, Manuel Alegre, Mendes Bota, João Bosco Mota Amaral, José Pacheco Pereira, Paulo Morais, Paulo Teixeira Pinto, José Ribeiro e Castro, Vítor Ramalho), militares (Garcia dos Santos, Sanches Osório, Vasco Lourenço), professores universitários (António Barreto, Boaventura de Sousa Santos, Diogo Leite de Campos, João Ferreira do Amaral, Manuel Monteiro, Teresa Pizarro Beleza), jornalistas e autores de programas de rádio e de televisão (Adelino Gomes, Bruno Prata, Fernando Dacosta, Júlio Isidro, Henrique Garcia, Maria João Seixas, Miguel Esteves Cardoso, Vicente Jorge Silva), actores (Lídia Franco, Luís Aleluia, Maria do Céu Guerra, Pêpê Rapazote), artistas plásticos (Júlio Pomar, Jorge Martins), músicos e cantores (Camané, Carlos do Carmo, Fernando Tordo, Jorge Palma, Manuel Freire, Pedro Abrunhosa, Pedro Barroso, Rui Veloso, Sérgio Godinho) e até instituições, como a Sociedade Portuguesa de Autores, a Associação Nacional de Professores de Português (Anproport) e a Associação Portuguesa de Tradutores.

Encontro na Academia

No mesmo dia, na Academia de Ciências de Lisboa (ACL), vai realizar-se um Encontro de Profissionais da Escrita, integrado no esforço que esta academia está a desenvolver no sentido de propor rectificações e “aperfeiçoamentos” ao texto do Acordo Ortográfico de 1990. A sessão prolonga-se por todo o dia, iniciando-se à 10h com uma intervenção do presidente da ACL, Artur Anselmo. Ainda durante a manhã intervirão representantes das associações de professores de português (respectivamente Edviges Antunes Ferreira e Maria do Carmo Vieira), da Associação Portuguesa de Escritores (José Manuel Mendes), do PEN Clube Português (Teresa Salema), da Associação Portuguesa de Tradutores (Odette Collas), da Deco (Inês Lourinho) e do Instituto Português da Qualidade (Olivier Pellegrino). À tarde, falarão jornalistas (da Associação de Estudos de Comunicação e Jornalismo, do Sindicato, do PÚBLICO), seguindo-se uma intervenção de Fernando Venâncio, investigador sénior em História do Léxico Português, e, por fim, uma mesa-redonda na qual participarão Rosário Andorinha, professora, da Anproport, e D’Silvas Filho, autor do livro Prontuário Universal – Erros Corrigidos de Português. O encontro terminará às 18h.