Duzentos mil negativos de um lado para o outro

Na última semana, o ex-director do Museu da Imagem, Rui Prata, deu início a uma guerra de palavras com a Câmara de Braga por causa das condições estruturais e funcionais daquele equipamento. Este fim-de-semana, o edil bracarense anunciou a transferência do espólio do Museu para uma antiga escola.

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Na última semana sucederam-se as trocas de acusações entre a Câmara Municipal de Braga e Rui Prata a propósito do Museu da Imagem, do qual este foi responsável entre 1999 e 2015. As primeiras críticas vieram de Prata, que, em declarações à Rádio Universitária do Minho, acusou a autarquia de não resolver os problemas estruturais do museu e com isso pôr em causa o espólio de cerca de 200 mil negativos que estão à sua guarda.

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Na última semana sucederam-se as trocas de acusações entre a Câmara Municipal de Braga e Rui Prata a propósito do Museu da Imagem, do qual este foi responsável entre 1999 e 2015. As primeiras críticas vieram de Prata, que, em declarações à Rádio Universitária do Minho, acusou a autarquia de não resolver os problemas estruturais do museu e com isso pôr em causa o espólio de cerca de 200 mil negativos que estão à sua guarda.

“O edifício carece de obras estruturais na fachada e telhado que evitem infiltrações de água. Quem lá entrar consegue ver o estado lastimável das paredes no rés-do-chão”, afirmou o antigo responsável por aquele espaço, para quem “a imagem positiva do museu foi-se desmoronando ao longo dos anos e a sua credibilidade, hoje em dia, é inexistente”. Ao PÚBLICO Rui Prata reiterou estas críticas e acrescentou: “O local onde se encontra o acervo, no último piso, não é o ideal. A máquina que faz o controlo de temperatura e humidade avariou e, tanto quando sei, não foi ainda reparada. O espólio está à mercê das alterações de temperatura. Isso é extremamente prejudicial para os negativos”. Para além desta máquina, segundo Prata, que esteve no Museu em Janeiro deste ano, tanto os desumidificadores como o ar condicionado também estão avariados. Contactada pelo PÚBLICO, a vereadora da Cultura da Câmara de Braga, Lídia Dias, garantiu que à medida que vão sendo reportadas avarias nestes equipamentos há lugar a reparações, mas admitiu que as “deficiências” naquele espaço “sempre foram uma constante” e que a hipótese de mudança de instalações está em cima da mesa.

Depois das primeiras denúncias de Rui Prata, a Câmara a respondeu através de um comunicado garantindo que os arquivos em depósito no Museu da Imagem “encontram-se nas melhores condições de conservação", deixando duras críticas à gestão de Prata. O município afirma ter feito obras na cobertura do edifício entre Dezembro de 2014 e Fevereiro de 2015, depois de “alertas provindos da sociedade civil”. Mas, já este sábado, citado pelo Correio do Minho, o presidente da Câmara, Ricardo Rio, afirmou que “as condições estruturais [do Museu] não são as melhores”. Durante a inauguração da exposição Lausperene, o edil anunciou que o espólio do Museu será transferido para a antiga Escola do Bairro Nogueira da Silva, para onde será também transferido o depósito do Arquivo Municipal. Por seu lado, Lídia Dias adiantou ao PÚBLICO que, no final do ano, este local já estará em condições para receber este e outros espólios documentais da cidade.

O acervo do Museu da Imagem de Braga é sobretudo constituído pelo arquivo do estúdio de fotografia Aliança (cerca de 120 mil negativos), que funcionou naquela cidade entre 1910 e 1980, e pelo arquivo da Casa Pelicano (cerca de 80 mil negativos), em actividade entre cerca de 1930 e 1990. Há ainda cerca de 3000 provas fotográficas e dezenas de placas de zinco gravadas que serviam de matriz para postais. O Museu da Imagem está situado perto do Arco da Porta Nova e foi construído a partir de um edifício do século XIX e de uma torre do século XIV da antiga muralha medieval.