Pressão dos estudantes trava organizadores de conferência com Nogueira Pinto
Grupo que organizava o evento na Universidade Nova foi considerado "nacionalista e colonialista" pela Associação de Estudantes.
Uma conferência marcada para terça-feira na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, e que tinha como convidado o historiador Jaime Nogueira Pinto, foi cancelada devido à pressão contra a entidade responsável pela organização, a Nova Portugalidade, considerada pela Associação de Estudantes como "nacionalista e colonialista".
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Uma conferência marcada para terça-feira na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, e que tinha como convidado o historiador Jaime Nogueira Pinto, foi cancelada devido à pressão contra a entidade responsável pela organização, a Nova Portugalidade, considerada pela Associação de Estudantes como "nacionalista e colonialista".
A notícia foi avançada esta segunda-feira pelo Correio da Manhã e confirmada pelo PÚBLICO junto de Jaime Nogueira Pinto, que explicou que a direcção "ficou preocupada com cenas de violência" que poderiam surgir.
O director da faculdade, Francisco Caramelo, refere ao PÚBLICO que a decisão foi tomada face ao ambiente em redor da conferência que tinha como título “Populismo ou Democracia: o Brexit, Trump e Le Pen”. Francisco Caramelo garante que o cancelamento "nada teve que ver" com Jaime Nogueira Pinto ou com o tema em questão. Além disso, o director admite vir a convidar o escritor para futuros debates sobre o tema.
No Facebook, a Nova Portugalidade atribuiu a decisão ao receio de que “venham a ser perpetradas violências de bandos da esquerda radical”. “É uma desgraça, um escândalo e um ataque imperdoável à democracia”, conclui a organização, que diz respeitar “a preocupação da direcção com a segurança de todos os interessados”.
A Associação de Estudantes publicou na mesma rede social uma "nota de repúdio" ao "evento e ao cariz ideológico nacionalista e colonialista do núcleo que o promove e que se refere de forma indirecta à descolonização no seu manifesto como 'trágico equívoco'".
"Nada é exclusivamente académico, como a descrição deste evento quer dar a entender, e tentar fazer crer que não há substrato político no que está a acontecer é, no mínimo, desonesto. Por sermos, efectivamente, uma universidade onde a liberdade de pensamento e o pensamento crítico são promovidos, não compactuamos com eventos apresentados como debates sob a égide de propaganda ideológica dissimulada de cariz inconstitucional", diz a mesma nota da Associação de Estudantes. Explica ainda que numa reunião geral de alunos, na passada quinta-feira, foi aprovada uma moção a defender que deveria "tudo fazer" para que o evento “não acontecesse".