Cheque-dentista já chegou a mais de 2,6 milhões de pessoas
Bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas quer que programa de saúde oral seja alargado
Desde que foi criado, em 2008, até ao final de Dezembro do ano passado, o cheque-dentista já abrangeu 2.609.560 utentes em Portugal. As contas do bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Orlando Monteiro da Silva, mostram a “importância” do Programa Nacional de Promoção de Saúde Oral (PNPSO). Mas é preciso ir mais além, defende.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Desde que foi criado, em 2008, até ao final de Dezembro do ano passado, o cheque-dentista já abrangeu 2.609.560 utentes em Portugal. As contas do bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Orlando Monteiro da Silva, mostram a “importância” do Programa Nacional de Promoção de Saúde Oral (PNPSO). Mas é preciso ir mais além, defende.
O cheque-dentista é disponibilizado a crianças e jovens, a grávidas, a idosos e a doentes com a infecção VIH/Sida. Desde Março de 2016, este programa abrange também jovens de 18 anos que tenham concluído o plano de tratamentos aos 16 anos.
“O cheque-dentista tem sido de enorme importância, em especial para grávidas, crianças e adolescentes, e também na vertente do projecto de intervenção precoce do cancro oral”, reconhece o responsável pela OMD, que ressalva que, mesmo assim, é urgente dar uma resposta integrada em termos de saúde pública, incluindo no grupo de beneficiários os mais carenciados, os diabéticos e criando mecanismos para garantir próteses aos desdentados totais.
Orlando Monteiro da Silva destaca ainda a necessidade deste programa prever um cheque-dentista "urgência" para dar resposta às situações de dor e trauma dentário, e a premência do Estado “assegurar” o acesso aos cuidados básicos de saúde oral a todos os portugueses. O que a OMD pretende é uma espécie de fusão entre o que existe na Madeira e o PNPSO do continente. “São duas realidades que, não sendo comparáveis, podem ser complementares. No caso do continente deviam até coexistir”, considera o bastonário.
Dentistas nos centros de saúde
As ideias do bastonário coincidem muito com a realidade que já existe na Madeira. Primeiro, a ordem quer uma rede de serviços de medicina dentária nos centros de saúde e hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), a exemplo do que acontece no arquipélago.
A este nível, o que está a ser feito pela tutela é um processo gradual e lento. Em Outubro passado, o Ministério da Saúde pôs em prática projectos-piloto de integração de dentistas nos centros de saúde do continente, com a contratação de 15 profissionais para as regiões de Lisboa e Vale do Tejo e do Alentejo e que vieram reforçar as duas dezenas de especialistas que já trabalhavam nos cuidados de saúde primários. Até 2019, de acordo com o calendário definido pela tutela, serão contratados 91 dentistas,ou seja, haverá profissionais em menos de um quarto dos centros de saúde do país.
É também fundamental, frisa Orlando Monteiro da Silva, garantir à generalidade da população um seguro de saúde público e uma convenção nos mesmos moldes da que existe na ADSE para funcionários públicos e familiares. Tudo para corrigir uma situação que já vem de longe. Quando o SNS foi criado, em 1979, a saúde oral ficou de fora. “Infelizmente, o Estado Português não criou até hoje condições para que este problema tivesse uma resposta integrada”, lamenta do bastonário.