Tillerson é um secretário de Estado escondido atrás dos generais de Trump

Preparam-se cortes no orçamento da diplomacia norte-americana

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Rex Tillerson esteve ausente nas visitas de vários governantes estrangeiros a Washington Kevin Lamarque/REUTERS

O Departamento de Estado é visado nos cortes orçamentais propostos pelo Presidente Donald Trump e isso faz sentido pelo que se tem visto de falta de protagonismo de Rex Tillerson. O homem do petróleo transformado em chefe da diplomacia norte-americana tem estado afastado dos momentos de maior protagonismo, preterido pela equipa de generais de que se tanto se orgulha o Presidente.

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O Departamento de Estado é visado nos cortes orçamentais propostos pelo Presidente Donald Trump e isso faz sentido pelo que se tem visto de falta de protagonismo de Rex Tillerson. O homem do petróleo transformado em chefe da diplomacia norte-americana tem estado afastado dos momentos de maior protagonismo, preterido pela equipa de generais de que se tanto se orgulha o Presidente.

Não foi Tillerson que esteve na foto quando Trump assinou os famosos decretos presidenciais sobre o muro com que espera travar os imigrantes provenientes do México, ou impedir a entrada de muçulmanos nos EUA, na expectativa de assim manter os terroristas longe. O chefe do Pentágono, James Mattis, ou o do Departamento de Segurança Interna, John Kelly, foram antes os escolhidos. Ou, até ao fim de Janeiro, o conselheiro de segurança Nacional, Mike Flynn, entretanto caído em desgraça – agora substituído por outro general, Herbert MacMaster.

Quando houve visitas de governantes estrangeiros à Casa Branca, Tillerson não esteve presente – a sua ausência mais notada foi no encontro de Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro israelita, com Donald Trump. Na visita ao México, com John Kelly, acabou por desempenhar um papel secundário, quando este teve de dissipar o pânico criado pelas declarações de Trump de que se estava a preparar “uma operação militar” na fronteira”.

O secretário de Estado tem pouco espaço para esticar os braços, sem dar cotoveladas num espaço apertado em que juntam também o genro do Presidente, Jared Kushner, nomeado uma espécie de enviado especial para o Médio Oriente, e o influente conselheiro Stephen Bannon, que tem um lugar no Conselho de Segurança Nacional e grandes ambições a influenciar a política internacional americana.

A resposta de Tillerson tem sido avançar com uma cautela infinita, como quem avança por um trilho de pedras molhadas. Para começar, esquiva-se da imprensa. Mesmo quando fez viagens, ou recebeu congéneres, quase não fez declarações e fugiu dos jornalistas – quando não os expulsou mesmo da sala.

Na verdade, o secretário de Estado sofre de um problema de falta de pessoal, porque houve uma saída em massa de funcionários dos Negócios Estrangeiros com a entrada da Administração Trump, que não conseguiu remediar. E o nome que tinha escolhido para seu vice-secretário foi chumbado pelo gabinete do Presidente, porque tinha emitido opiniões críticas de Trump.

Os briefings diários foram suspensos – só serão retomados a 6 de Março. Tem-se chegado ao ridículo de que contactos com governantes de outros países terem deixado de ser noticiados pelo Departamento de Estado. Foi o caso de uma conversa telefónica com o rei Salman da Arábia Saudita, ou com o ministro dos Negócios Estrangeiros do Egipto, adiantou o Washington Post. Após uma reunião com a Alta Representante para a Política Exterior da União Europeia, Federica Mogherini, Tillerson não emitiu nem um comunicado.

Rex Tillerson, dizem os media americanos, não está a agir como um verdadeiro secretário de Estado.